Há um mês atrás eu escrevi aqui que compreendia a opção por João Pereira no sentido de não se mexer muito naquilo que estava a funcionar bem, até porque quem vê os jogos das equipas B e de sub 23 do Sporting, facilmente percebe que está em curso um trabalho transversal com base nas ideias de jogo estabelecidas por Ruben Amorim, o que em oposição à contratação de um treinador com nome feito que dificilmente aceitaria trabalhar sob as condições estabelecidas por outro, me pareceu ser a melhor decisão, dentro dos condicionalismos de uma tão inesperada como indesejada mudança de treinador, numa altura em que tudo estava a correr quase na perfeição.
Para além disso acreditei no conhecimento de quem está dentro da estrutura do Sporting em relação às capacidades de João Pereira e julgo que aqui terá estado o primeiro erro, pois nesta altura parece evidente que o jovem treinador escolhido não estava preparado para o desafio com que se deparou, embora me custe perceber como é que em tão pouco tempo a equipa teve um queda tão grande, isto apesar das condicionantes resultantes das muitas lesões que se sucederam e dos erros de arbitragem, sem esquecer alguns erros próprios inexplicáveis.
Também compreendo que Frederico Varandas tenha apresentado o novo treinador como uma escolha convicta, em vez de o fragilizar logo à partida colocando-o na ingrata posição de treinador à experiência. No entanto o Presidente leonino terá exagerado na avaliação que fez quando quis repetir o tiro certo com que tinha apresentado Amorim há cinco anos atrás. É preciso sorte para acertar na lotaria, mas acertar duas vezes seguidas é quase impossível.
O que é certo é que correu muito mal, eu diria mesmo que correu pior do que os nossos adversários podiam imaginar, de tal forma que um mês e meio depois o Sporting perdeu a liderança do campeonato e toda a vantagem anímica que tinha, obrigando Frederico Varandas a assumir o erro, não deixando no entanto de se escudar em algumas desculpas que agora de nada servem, porque quem se queimou foi o João Pereira, os outros por enquanto só ficaram chamuscados.
Voltando a recuar um pouco, eu também escrevi aqui que Ruben Amorim ficará na história do Sporting como um dos seus melhores treinadores de sempre, mas por outro lado se a equipa falhar o tão desejado bi, ele será sempre apontado como o principal culpado desse insucesso. É claro que Frederico Varandas também se espalhou na escolha do sucessor e que este não mostrou estar preparado para tal desafio, sem esquecer que a quebra de rendimento de alguns jogadores não pode ser apenas culpa do novo treinador, mas isso é como se costuma dizer: "quem está no convento é que sabe o que vai lá dentro". Foi a tal tempestade perfeita.
Rei morto rei posto, Rui Borges é o senhor que se segue. Confesso que ao contrário do que aconteceu no momento da saída de Ruben Amorim, agora acho que era preferível apostar num nome mais forte e pelo que se diz Abel Ferreira era a primeira escolha de Varandas. Resta saber se se fez tudo o que era possível para convencer aquele que na minha opinião seria o homem certo para esta difícil missão, depois de um falhanço tão estrondoso como foi João Pereira. Alguém com estatuto e voz suficiente grossa para chegar àquele balneário e falar de Campeão para Campeões.
Não foi possível e diz-se que Vítor Pereira também foi um nome em cima da mesa, mas esse, tal como o incompatível Sérgio Conceição, não me entusiasmaria tanto. Assim acabou por se apostar num dos treinadores da moda em Portugal, uma aposta de risco num homem que nunca esteve num balneário tão rico, no bom e no mau sentido, e que terá pela frente a difícil missão de cativar e reconstruir um grupo fortemente abalado, numa altura em que o calendário aperta com jogos de grau de dificuldade bastante elevado, pelo que ele tanto pode ficar logo queimado, como pode ganhar o embalo que tanto precisa para se impor logo à partida, porque tempo é coisa que não vai ter, nem sequer para treinar.
Tem a palavra os jogadores, porque como ele disse e muito bem, são eles que fazem os treinadores.
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