Quando em meados de Outubro foi conhecida a "transferência" de Hugo Viana para o Manchester City, eu escrevi aqui que isso não era coisa que me preocupasse, pelo menos enquanto não se confirmasse a saída de Guardiola do Campeão de Inglaterra, uma situação, essa sim preocupante, porque poderia pôr Ruben Amorim na agenda do City.
Do que eu não estava à espera era que o Manchester United se atirasse de cabeça ao treinador do Sporting e que este aceitasse tal desafio a meio da temporada, abandonando um grupo que ele construíra e aprimorara, ao ponto de o colocar na indiscutível condição de melhor equipa do futebol português.
É claro que a saída de Ruben Amorim era uma questão de tempo e que assim sendo a Direção do Sporting tinha de estar preparada para esse desfecho, mas ninguém esperava que fosse já e de um momento para o outro, o que antecipou a solução preconizada, que passa pela promoção de João Pereira.
Substituir um treinador icónico como Ruben Amorim, ainda por cima no ponto mais alto da sua histórica passagem pelo Sporting, nunca seria uma tarefa fácil, pelo que o desafio que se coloca a João Pereira é gigantesco, ainda por cima para um treinador que tem menos currículo que o possa recomendar, do que tinha o seu antecessor quando chegou ao Sporting em Março de 2020, pelo que naturalmente que são muitas as dúvidas que se levantam em relação a esta escolha.
De qualquer forma e porque não há nenhuma solução perfeita e garantida para este inesperado problema, parece-me que a escolha de João Pereira será uma espécie de mal menor, que pelo que o Presidente do Sporting afirmou, até já estava programada no sentido de haver uma transição pacífica para alguém que é da casa e está identificado com o trabalho feito até aqui.
A alternativa seria um nome consagrado, o que na minha opinião só poderia fazer sentido se estivéssemos no início de uma nova temporada. Agora, neste momento vir um treinador feito que obviamente iria querer colocar a equipa a jogar à sua maneira, seria contraproducente.
Sendo assim parece-me que a opção por antecipar o que aparentemente já estava programado é a melhor solução possível e a forma como João Pereira foi apresentado demonstrou uma confiança total num treinador que é uma aposta pensada para o futuro, o que foi importante para que todos percebam que não se trata de um treinador à experiência, mesmo que seja um treinador com pouca experiência.
É claro que nestas coisas os resultados é que mandam, pelo que será importante que João Pereira comece bem este ciclo decisivo e desgastante que se inicia com um jogo de Taça, seguindo-se a receção ao Arsenal onde tudo o que vier é lucro, mas depois temos quatro jornadas fundamentais para que a equipa chegue ao "derby" do final do ano pelo menos com a vantagem ganha até agora. Depois ainda há a final a quatro da Taça da Liga, que não sendo fundamental, seria também muito importante para a afirmação do novo treinador.
Ou seja, João Pereira tem um mês e meio em que o mais importante será não estragar o que foi ganho até agora, mas onde até pode consolidar esse percurso quase irrepreensível. Os jogadores são os mesmos, os processos estão assimilados, resta saber se a solidez da estrutura montada é suficientemente forte para superar o abalo que foi a partida do seu carismático líder.
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