A obra avançou ao mesmo tempo que iam entrando mais sócios no Clube, o que também significou o aparecimento novas correntes de opinião, sendo que uma delas liderada por Queirós dos Santos, considerava excessiva a influência de José Alvalade na vida do Sporting.
As divergências acentuaram-se quando no final de 1912 José Alvalade ordenou o desmantelamento de uma estrutura de madeira da tribuna do Sítio das Mouras, para usar nas obras do novo estádio. Foi o pretexto que faltava para o ataque ao poder e pouco tempo depois tomaram posse novos corpos gerentes do Sporting, que pela primeira vez não contavam com o fundador do Clube e onde Queirós dos Santos aparecia como vice presidente da Direção.
Sem José Alvalade o Sporting seguiu em frente e Queirós dos Santos chegou à Presidência em 1914, tendo sido ele que convenceu Mário Pistacchini, um bem sucedido homem de negócios, a financiar a construção de novas instalações desportivas para o Clube, num terreno situado no Campo Grande, onde também passou a funcionar a Sede. Projetadas pelo arquiteto António Couto, foram inauguradas a 1 de Abril de 1917, tendo ficado popularmente conhecidas como a Estância de Madeira e em termos de clubes continuavam a ser as melhores do País. Custaram cerca de 53 contos, quantia que alguns anos mais tarde o Sporting pagou integralmente a Mário Pistacchini.
A construção do Stadium de Lisboa essa continuou em bom ritmo e em Junho de 1914 José Alvalade afirmava numa entrevista concedida ao jornal "O Sport Lisboa":
O Stadium é unicamente meu. As discordâncias do meio desportivo trazem-me desgostoso.
E de facto segundo uma revelação feita pelo historiador Luís Costa Dias no seu livro "História do Sporting Clube de Portugal", José Alvalade terá mesmo escrito um rascunho a demitir-se de sócio do Clube que fundara, mas tudo indica que não levou até ao fim essas intenções. O que é certo é que ele criou uma empresa para explorar o "Stadium", ao qual prometeu dedicar toda a sua energia e capitais, afastando-se do Sporting, mesmo que em 1918 tenha voltado a integrar uma Direção, naquilo que provavelmente terá sido uma tentativa de conciliação das partes desavindas.
Quanto ao Stadium de Lisboa, foi oficialmente inaugurado em 20 de Dezembro de 1914 e só 30 anos depois surgiu em Portugal um recinto desportivo de idêntica grandeza, quando o Estado Novo inaugurou o Estádio Nacional. Mais tarde, em 1937, dada a degradação do seu campo, o Sporting alugou em condições vantajosas o que na altura já era conhecido como Estádio do Lumiar, que foi a sua casa até à construção do novo Estádio José Alvalade e foi lá que o Clube viveu os gloriosos anos dos Cinco Violinos e que conquistou o primeiro tetra-campeonato da história do futebol português, numa altura em que o recinto já tinha o nome do seu construtor, que em 1947 foi atribuído por deliberação estatutária ao principal campo desportivo do Sporting Clube de Portugal.
Bom trabalho de pesquisa!
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