Bettencourt e Cristóvão

Os jornais de hoje apontam o nome de José Eduardo Bettencourt como provável candidato da continuidade ás eleições do Sporting Clube de Portugal, o que a confirmar-se previsivelmente originará a desistência de Pedro Souto, ao mesmo tempo que retirará muitos votos a Paulo Cristóvão, que ficaria reduzido ao apoio dos contestatários militantes à situação, sendo que o interesse destas eleições ficaria limitado a saber-se qual é o peso destes últimos no universo dos sócios leoninos, que eu apostaria que nesse caso não ultrapassará os 20%.

De facto Bettencourt seria um candidato invencível, não só pelos consensos que gera dentro da própria "oligarquia", que levarão a que provavelmente nomes importantes como Ribeiro Teles e Rogério Alves possam continuar na equipa, e que darão garantias suficientes para que Paulo Bento aceite renovar o seu contrato, como também pelo enorme prestigio que tem junto dos sócios, onde é visto não apenas como um homem que sabe de futebol e que foi importante nos títulos de 2002, mas principalmente como um gestor altamente credenciado.

De facto a única reserva que eu coloco em relação à candidatura deste homem, refere-se à sua disponibilidade para ser um Presidente a tempo inteiro, porque de resto reconheço que tem o saber, a competência, a paixão e o prestigio necessários para desempenhar tão relevantes funções no nosso Clube.

Mas enquanto não sai fumo verde do Edifício Visconde de Alvalade, Paulo Cristóvão continua a sua caminhada cada vez com maior visibilidade na imprensa, que ao contrário do que alguns temiam, tem dado cobertura a quem tem feito mais por isso, que no caso é a candidatura Ser Sporting.

Assim Cristóvão teve direito a uma entrevista no jornal O Jogo, onde inteligentemente piscou o olho a Manuel Fernandes, ao mesmo tempo que continuou a apostar na aproximação aos sócios com um discurso entusiasmante, voltando a bater na tecla do Pavilhão, que no entanto terá de explicar melhor, o que já foi prometido pelo seu vice para a área do Património.

No que toca ao futebol é que ele continua a ser muito evasivo, mas pareceu-me perceber que a venda de jogadores importantes é uma das suas soluções, com a qual eu estou em total desacordo, e principalmente não gostei do seu discurso em relação ao Paulo Bento, que tresanda a hipocrisia.

Não quero dizer com isto que ele não possa elogiar e reconhecer os méritos do nosso treinador que bem o merece, mas isto não invalida que ele deva assumir uma posição frontal em relação à continuidade deste, caso contrário estará a fazer precisamente o oposto do que diz, tentando não perder votos junto dos muitos que defendem essa continuidade do treinador, e ao mesmo tempo não afrontar os que o detestam, e que como se sabe são bastantes, principalmente na área da oposição.