Era evidente que a sucessão de um treinador carismático como Ruben Amorim não seria tarefa fácil, mas dadas as circunstâncias eu até entendi a escolha de João Pereira como uma opção de continuidade, no sentido de não se mexer muito naquilo que estava a funcionar bem e que parecia ser uma máquina capaz de trabalhar até com outro motor.
O que ninguém estava à espera era que em apenas três semanas a equipa se desmoronasse desta forma, de tal maneira que Viktor Gyökeres deixou de demolir as defesas adversárias, Geovany Quenda já nem sabe parar uma bola, Ousmane Diomande só faz faltas, Geny Catamo comete erros de principiante e toda a gente falha passes simples, tal é a intranquilidade de uma equipa que desatou a fazer cruzamentos para área sem lá ter cabeceadores.
É verdade que em Moreira de Cónegos a sorte também não ajudou, mas nem um golo cedo serviu para tranquilizar a equipa, que voltou a falhar nas bolas paradas e depois ofereceu um golo que nem nas escolinhas se admite, mesmo que o guarda redes também dê sempre a sensação de não ter presença na baliza.
Por outro lado o treinador amarrado ao banco levou muito tempo a mexer na equipa, quando era claro que as opções para o lado esquerdo não tinham resultado e que aquele jogo estava a pedir a entrada de um avançado como Conrad Harder, que diga-se que apesar de ter entrado tarde, também não mudou nada.
Está pois esbanjada a vantagem adquirida e da euforia daquilo que parecia ser uma caminhada triunfal rumo ao bi, passámos para o desânimo total em que já ninguém acredita que será com este treinador que vamos retomar o caminho do sucesso.
Frederico Varandas está pois num beco com poucas saídas, pois ou aguenta-se firme na defesa daquelas que anunciou como as suas convicções absolutas, ficando nas mãos, ou neste caso nos pés, de um grupo de jogadores claramente afetados pela inesperada mudança de treinador, ou reconhece o seu erro e corta a direito, sabendo que não pode voltar a falhar na escolha do senhor que se segue, mesmo que possa já ter um eleito, que entretanto terá de convencer a aceitar o desafio.
Sendo assim, parece-me que entre Brugge e o "derby" do final do ano, João Pereira terá cinco jogos para mostrar serviço, ou espalhar-se de vez, enquanto Varandas vai estar com um olho no João e outro no Abel. Resta saber se o João é capaz de ser Caim e matar por ciúmes.
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