A famosa Lei de Murphy que diz que há alturas em que tudo o que puder dar errado dará, parece ter-se abatido sobre o Sporting, com João Pereira a desempenhar o papel do técnico que instalou erradamente os equipamentos construídos pelo engenheiro do projeto.
De facto depois de ter sido goleado pelo Arsenal em Alvalade, tudo o que podia ter corrido mal ao Sporting de Pereira correu. A derrota com o Santa Clara num jogo em que ganhar era fundamental para serenar a equipa, teve um pouco de maquiavélico, enquanto o espalhanço em Moreira de Cónegos já foi mais autofágico do que outra coisa, pelo que na Bélgica esperava-se e exigia-se uma reação forte de uma equipa que bem tentou, mas não conseguiu.
De lesão em lesão Hidemasa Morita e Gonçalo Inácio juntaram-se aos três que já estavam na enfermaria, mas se calhar a resposta de João Simões foi a única coisa que se aproveitou no final deste jogo, em que depois de uma boa entrada com um golo logo a abrir, tudo o que podia correr mal, correu.
João Pereira fez algumas alterações que inicialmente até pareciam estar a resultar, recuperando o sistema desdobrável que Amorim ensaiou nos jogos da pré época, em que a equipa defende em 4x4x2 e ataca em 3x4x3, com Geovany Quenda a fazer de Pote (pode ser uma boa ideia) e Maxi Araújo no lugar que estaria destinado ao Nuno, onde voltou a revelar muitas debilidades a defender.
E foi par aí que o empate que aconteceu, fruto da apatia de Maxi Araújo e do infortúnio de Eduardo Quaresma. Seguiu-se o penálti revertido por um VAR que na UEFA costuma ser pouco ativo, mas que desta vez teve um olho milimétrico.
Depois foi Eduardo Quaresma que teve de ser substituído em lágrimas, num daqueles dias em que nem devia ter saído de casa e a equipa começou a sentir que ainda não era o seu dia. Perto do intervalo Franco Israel também sofreu na pele a força da mudança no rumo do jogo, que já se adivinhava depois de tantas interrupções que fizeram a equipa perder o fio à meada.
Na 2ª parte o jogo foi mais dividido e percebia-se que podia cair para qualquer um dos lados, mesmo que o Sporting tenha tido mais iniciativa, mas já cheirava que ia correr mal.
João Pereira voltou a demorar a mexer e quanto mexeu a Lei de Murphy abateu-se sobre ele, pois foi precisamente pelo lado de Ricardo Esgaio que tudo se desmoronou.
Perante isto não vale a pena enterrar a cabeça na areia, pelo que Varandas só tem duas hipóteses: ou assume desde já que o "erro de casting" foi dele e toma a decisão que mais tarde ou mais cedo parece inevitável, ou faz uma profissão de fé na capacidade desta equipa e deste treinador para darem a volta ao texto, o que implica para já ganhar obrigatoriamente os próximos 4 jogos, mas também envolve um elevado risco de chegarmos ao fim do ano com um atraso quase igual ou superior à vantagem que Amorim deixou e se calhar já fora da carroça que é a Taça de Portugal, sem esquecer que o apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões já esteve mais encarreirado do que ficou depois desta derrota. Na verdade tudo o que está a correr mal pode ainda piorar.
Avizinham-se tempos e decisões difíceis e infelizmente não são só os nossos rivais que estão a gozar o prato, pois nas nossas bancadas as pedras começam a sair de trás das costas de quem as lá tinha escondidas, como escondidas costumam estar as caras deles. Que jeito nos davam uns joguinhos à porta fechada.
Bem escrito... Análise fria mas certeira.
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