O Leão ferido


O primeiro ciclo da temporada terminou da melhor forma para o Sporting com uma indiscutível e reconfortante vitória sobre o FC Porto, que garantiu a liderança isolada no campeonato, o que somado à resolução do problema do segundo avançado, com a contratação do jovem Conrad Harder, deixou a nação sportinguista novamente muito animada.

Está assim fechado o plantel para atacar o bicampeonato e se poderá não ser exatamente aquilo que Rúben Amorim tinha idealizado, também não anda muito longe, restando apenas saber se os reforços vão ser mesmo reforços.

O treinador leonino tinha idealizado uma mudança no modelo de jogo a contar com a contratação do avançado grego Ionnidis, mas a impossibilidade de concretizar esse negócio, a lesão de Nuno Santos e a inexplicável derrota na Supertaça, obrigaram-no a recuperar o seu 3x4x3, até porque agora em vez de um avançado para entrar de caras no onze, tem um jovem projetado para ser o substituto de Viktor Gyökeres, que ainda tem muito que aprender.

De qualquer forma temos um plantel equilibrado, embora  haja um jogador, ou outro, a mais, como é o caso de Ricardo Esgaio e, no meio campo, com a venda de Mateus Fernandes, só haja três opções para dois lugares, o que de certeza vai obrigar Pedro Gonçalves a recuar algumas vezes, o que confesso não me agrada muito. Mas a verdade é que na equipa B Henrique Arreiol e talvez João Simões, são os únicos que me parecem poder um dia lá chegar, embora ainda estejam muito verdes.

Há, para além disso, ainda muitas incógnitas, logo a começar na baliza onde Vladan Kovacevic já mostrou ter bons pés, mas também já falhou com as mãos, restando saber se é mesmo o guarda redes certo, ou se Franco Israel, ou quem sabe Diego Callai, vão ter as suas oportunidades.

Na defesa, Ousmane Diomande está aprender a fazer o lugar que era de Coates, para o qual Rúben Amorim terá outras alternativas, até talvez Jeremiah St. Juste, isto para quem ainda acreditar que ele pode voltar a jogar com regularidade. Na direita Eduardo Quaresma ganhou o lugar depois do falhanço de Zeno Debast em Aveiro, mas o internacional belga parece-me destinado a impor-se, ou aqui, ou no meio. Do outro lado Gonçalo Inácio está seguro, tendo em Matheus Reis uma alternativa que oferece todas as garantias.

Rúben Amorim também já disse que queria fazer de Iván Fresneda um Matheus Reis do lado direito, mas a verdade é que nesse lado há mais alternativas na defesa e com  a afirmação de Geovany Quenda na ala direita, o espaço nessa posição também está curto, até porque Geny Catamo já mostrou que não vai abrir mão do lugar que conquistou na época passada.

Do lado contrário Nuno Santos tem agora a concorrência de Maxi Araújo, outra incógnita, mesmo que seja um jogador com um currículo que parece oferecer garantias e sobre o qual dizem que até pode jogar na frente no lugar de interior, sendo assim também uma alternativa a Pedro Gonçalves, que como já se disse vai ter de recuar algumas vezes.

Na frente, do lado direito Francisco Trincão está cada vez mais confiante, ao contrário de Marcus Edwards, que seria vendável se o mercado assim o tivesse determinado e principalmente se a alteração no modelo de jogo projetada por Rúben Amorim tivesse vingado.

Sobre Viktor Gyökeres já não há adjetivos, vamos a ver é como é que o miúdo dinamarquês vai evoluir. Talvez possa ser o nosso Paulinho da época passada, isto se Rúben Amorim não voltar a experimentar o 4x4x2 que parecia idealizar no início da temporada. Mas acima de tudo acho que ele foi contratado já a pensar na inevitável, e tão desejada pelos nossos rivais, venda do passe do nosso "bicho" sueco.

Resta-me falar de Morten Hjulmand, talvez o segundo jogador mais difícil de substituir nesta equipa, mesmo que Hidemasa Morita faça o lugar, mas se eu fosse contratar mais um jogador, seria seguramente um médio com características mais defensivas, pelo que até estranhei o empréstimo de Dário Essugo, embora perceba que ele precisa de jogar e que a Liga espanhola é um bom espaço para ele evoluir.

Posto isto, e mesmo tendo de aguardar pelo desenvolvimento das muitas incógnitas atrás referidas, não posso deixar de estar otimista pelo que se já vai vendo e pelo treinador que temos, mas é importante não embandeirar em arco, nem em facilitismos, para que o espalhanço de Aveiro não se repita. Para isso é fundamental manter o espírito do "leão ferido" e a fome de ganhar mais e mais.


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