Lições para o Jamor

Enquanto espetador atento e curioso das infalíveis táticas de bancada, que no meu caso são mais de sofá, tento sempre compreender as razões dos treinadores, o que em relação a Rúben Amorim é feito ainda com mais cuidado, pois trata-se de alguém que respeito muito, não só pelo trabalho e pelos resultados apresentados, mas também pela forma como ele fala de futebol, que faz com que eu me reveja naquilo que diz e geralmente conclua que vimos o mesmo jogo, ao contrário do que acontecia em relação a muitos outros treinadores que passaram pelo Sporting.

Quando tomei conhecimento da equipa escalada para o jogo do Dragão, pensei que Geny Catamo até poderia jogar no lado esquerdo, para que Jeremiah St. Juste ficasse de olho no Galeno, mas afinal a ideia era vigiar o Conceição do outro lado, uma tarefa que na ausência de Matheus Reis foi entregue a Gonçalo Inácio, que na formação até era lateral esquerdo, uma opção perfeitamente aceitável, atendendo a que já se sabe que nos jogos mais complicados Rúben Amorim nunca joga com dois alas muito ofensivos.

Agora é fácil dizer
que o Sporting era líder com 7 pontos de vantagem, pelo que Rúben Amorim não tinha de estar preocupado com o pior FC Porto de que eu tenho memória, era ir para cima deles à Campeão e ganhar o jogo, mesmo com Viktor Gyökeres no banco, mas ele resolveu ser cauteloso, quiçá apensar em aguentar o ímpeto inicial dos portistas, para depois jogar os trunfos que guardara no banco.

É verdade que essa estratégia não resultou, mas não foi por causa de Gonçalo Inácio que o Sporting estava a perder por 2-0 ao intervalo, com um golo oferecido por Franco Israel, que voltou a demonstrar ser fraco no jogo com os pés e outro resultante de uma escorregadela de Morten Hjulmand, sendo que o 3-0 esteve à vista depois de uma invenção de Daniel Bragança, que também escorregou, ele que apesar de ser um jogador fino com a bola nos pés, não tem a intensidade necessária para os grandes jogos. Foram muitos erros individuais em apenas 45 minutos e assim não há estratégia que sobreviva.

Regra geral os treinadores não gostam de dar o braço a torcer e neste caso parece-me que Rúben Amorim demorou muito tempo a lançar Hidemasa Morita e principalmente Nuno Santos, pois se é verdade que foi Viktor Gyökeres quem marcou os golos, não é menos verdade que só depois destas duas substituições é que o Sporting conseguiu empurrar o FC Porto lá para trás.

O empate demorou, mas chegou depois de Nico, o tal jogador que disse que o FC Porto era melhor do que o Sporting e que iam mostrá-lo no Dragão, ter devolvido a gentileza de Franco Israel, numa jogada iniciada por Marcus Edwards que tinha acabado de entrar em mais uma cartada acertada do treinador leonino, que assim escapou a uma chuva de críticas depois de uma semana que não lhe correu nada bem e como ele próprio o reconheceu o deixou um pouco perdido. Só foi pena que o Marcus Edwards tenha sido anjinho, porque eles estavam todos partidos e o Viktor Gyökeres estava em brasa.

Ultrapassado este obstáculo com um empate que atendendo às circunstâncias até teve um sabor adocicado, agora é ganhar ao Portimonense e aguardar pelo dia e hora da festa, na esperança de tal como aconteceu no jogo da Luz a contar para a Taça em relação ao "derby" que se seguiu em Alvalade, o Sporting tenha ganho no Porto a Final do Jamor, assim Rúben Amorim tenha aprendido com o que correu mal no Dragão.


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