O caso Palhinha


Não me vou pronunciar sobre o "caso Palhinha" em termos jurídicos pois não tenho conhecimentos para tanto, isto sem esquecer que se colocarmos dois juristas a falar sobre um caso qualquer, sujeitamo-nos a ouvir quatro ou cinco opiniões diferentes dependendo daquilo que lhes der mais jeito e então se estivermos a falar de futebol a coisa ainda se complica mais.

Independentemente de tudo isto, na minha opinião o Sporting não devia ter interposto a tal providência cautelar que permitiu que o jogador fosse a jogo. Penso que recorrer para o TAD teria sido suficiente para marcar uma posição sem correr riscos desnecessários, até porque o jogador acabou por nem sequer atuar de início, pois o jogo tinha sido preparado sem contar com ele. Até admito que não estivessem á espera que o tribunal decidisse em tempo útil, mas podem ter ido demasiado longe se a coisa der para o torto, o que não seria de espantar atendendo ao mundo sujo que é o nosso futebol.

Imaginem que o Sporting perde este Campeonato por causa desta brincadeira. A festa que seria não só para o clube campeão, como também para a juve leo e restantes "brunecos". Isto é precisamente o pitéu de que eles estão à espera e seria o fim da linha para Varandas e companhia.

No entanto tudo isto poderia e deveria ter sido evitado e já nem sequer me estou a referir ao erro do árbitro, porque isso é uma coisa que acontece a qualquer um e neste caso o Veríssimo até teve a hombridade de o reconhecer. O que está verdadeiramente em causa é o facto do Conselho de Disciplina (CD) recorrendo a uma doutrina ultrapassada que defende que o que se passou no campo durante o jogo é sagrado, se recuse a preservar a verdade desportiva, somando ao erro do árbitro no campo, uma punição para quem não cometeu nenhuma infração, naquilo que resulta numa dupla injustiça.

Quem defende este procedimento aberrante, está a mais no futebol moderno que a generalidade dos adeptos desejam cada vez mais transparente e verdadeiro, numa altura em que o VAR já é uma realidade, mesmo que incómoda para este tipo de gente, que infelizmente continua a poluir e a fazer mal ao pobre futebol português, sempre pródigo a produzir bons jogadores e treinadores, ao mesmo ritmo que desencanta não se sabe donde, dirigentes incompetentes, mal formados e completamente inaptos para as funções que desempenham, como é o caso das quatro senhoras e dos três senhores que formam este aberrante CD.

Agora sabe-se que esta norma da qual João Palhinha recorreu, já tinha sido considerada inconstitucional por duas vezes, pelo que à terceira foi de vez e a FPF resolveu acautelar-se abrindo a possibilidade de recurso em relação aos castigos aplicados em processos sumários, embora sem efeitos suspensivos, pelo que  os mesmo se mantem em vigor, caso não haja uma decisão final a tempo, o que torna esses recursos ineficazes. Mais um chico espertismo à portuguesa, a pedir outro imbróglio jurídico, mas que no entanto não deixa de ser uma espécie de assunção de erro, agora corrigido à pressa.

Entretanto temos aí mais um caso, depois da expulsão de Luís Diaz no jogo das meias finais da Taça de Portugal,  que foi consensualmente considerada injusta, embora o Conselho de Arbitragem pareça querer defender outra doutrina estranha que valoriza o facto da lesão resultante do lance ter sido grave, em vez de privilegiar a avaliação da forma como esse lance aconteceu.

É claro que o FC Porto que tanto barulho fez porque o guarda redes da B SAD não foi preso depois do choque que mandou Nanú para o hospital, agora pergunta e com razão, porque é que o seu avançado foi punido por causa de ter rematado à baliza, embora depois tenha magoado o seu adversário. É muita incoerência no meio de tanta falta de coerência.

Os portistas vão recorrer do castigo, mas calculo que em nome da agora famosa "field of play doctrine" o CD vá aplicar a pena de um jogo a Diaz, que curiosamente foi a mesma imposta ao seu colega Taremi, esse sim merecedor de uma punição mais severa, depois de uma entrada perigosa e desnecessária, apesar de dai não ter resultado nenhuma lesão grave. 

A pergunta que se põe aqui, é se é esta a justiça que os clubes, os jogadores e os adeptos querem para o nosso futebol e a resposta é obvia: esta gente tem de ser afastada rapidamente se não quiserem  intoxicar ainda mais o futebol português. De resto a FPF já pagou noutras ocasiões faturas pesadas resultantes de decisões aberrantes tomadas por gente desta, que só serve para criar problemas, num mundo que já de si é muito problemático.

É caso para se dizer, "volta Meirim que estás perdoado".


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