O paulinho


Nas últimas semanas o impagável Paulo Futre na animada coluna que escreve no jornal Record, ressuscitou o assunto da sua saída do Sporting, tentando responder à pergunta que segundo ele gostava que um dia lhe tivessem feito:
O que aconteceu para que em 1984 o treinador e a direcção do Sporting tenham decidido emprestá-lo?
Diz o Futre que nada fez que pudesse justificar tal disparate e que ainda hoje não percebeu porque é que queriam fazer  aquilo que ele chama de "uma loucura com um enorme diamante em bruto que já brilhava".

Até aqui posso estar de acordo com ele, mas também sei que num divórcio há sempre dois ou mais lados do mesmo novelo e uma vez que o Sr. João Rocha já morreu, deixo aqui um desafio ao Futre, ou a algum jornalista que ache interessante esta questão: porque não procurar uma resposta junto de John Toshack, ou até de Pedro Gomes? Ou muito me engano, ou iríamos ouvir outra versão desta história.

Eu nunca insultei o Futre, nem o considero um traidor, na altura eu tinha 20 anos e a saída dele para o FC Porto foi apenas mais uma decepção igual a outras a que eu já me tinha habituado. Compreendo perfeitamente que o Futre não sendo como ele próprio diz "filho de papá milionário" e sentindo-se mal tratado no Sporting, tenha aceitado a proposta do FCP, o que de resto se revelou como uma boa decisão para a sua carreira, quer em termos financeiros, quer em termos desportivos, agora não aceito é que depois de ter feito as opções que fez, se venha armar em Sportinguista.

Se bem me lembro o motivo alegado na altura para a rescisão do contrato foi uma originalidade chamada "razões psicológicas", que no entanto como é fácil perceber se traduziam nos números gordos presentes no cheque passado por Pinto da Costa.

De resto anos mais tarde, já o Paulo Futre era um papá rico, quando ele mesmo confessou que tinha saído do Sporting por dinheiro, mas que agora regressava por amor à camisola, amor esse que lhe passou rapidamente quando o Sousa Cintra não apareceu com a massa prometida, o que imediatamente foi resolvido com um cheque doutra cor, pois afinal não interessa donde vem os cheques desde que tenham muitos zeros.

Resumindo e concluindo, o Futre tinha todo o direito de seguir o caminho que seguiu, que fez com que hoje seja recordado como uma das maiores figuras da história do Atlético de Madrid, do FC Porto e até do futebol português, mas para os Sportinguistas, pelo menos para aqueles que tem memória, Paulo Futre será apenas mais um dos muitos produtos da nossa enorme escola de jogadores, que pura e simplesmente não mostraram nenhum reconhecimento ou respeito pelo Clube que os ajudou a serem o que foram enquanto futebolistas e atenção que eu nem estou a falar em serem fanáticos pelo Sporting, porque isso aí não se apregoa, sente-se e pratica-se, e não tem preço.

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