O leãozinho

Como a bola continua parada, hoje vou recuperar um caso antigo, que recentemente teve alguns desenvolvimentos interessantes. Refiro-me à questão das rescisões de contratos no pós Alcochete.

Na altura referi que se havia jogadores com razões compreensíveis para quererem ir embora, eram certamente os três que voltaram atrás nas suas decisões, pois tratavam-se futebolistas com ligação recente ao Sporting e com excelente rendimento desportivo e comportamentos profissionais irrepreensíveis. De fora deixei Rúben Ribeiro que ao que parece também quis voltar, mas esse deve ser um daqueles que tem cérebro de galinha e em vez de ficar quieto no seu canto, acabou por ser despachado para clubes de menor dimensão donde nunca devia ter saído, deitando fora a grande oportunidade da sua carreira, sabe-se lá a troco de quê.

No pólo oposto estavam os rapazes da casa, que tinham a obrigação de ter alguma consideração pelo Clube que os havia formado, mas que foram os primeiros a dar à sola, com a agravante de terem sido precisamente os capitães da equipa a liderarem a debandada.

Em quatro destes casos o Sporting conseguiu os acordos possíveis para quem negociava com a corda na garganta, arrecadando à volta de 50 milhões de Euros, mais metade do passe de Luciano Vietto, quando normalmente se poderia ter atingido uma quantia à volta do dobro da que foi conseguida.

De fora destas resoluções amigáveis ficou o caso de Rafael Leão, que foi desde logo apontado como aquele em que o Sporting teria mais possibilidades de ganhar, uma situação que agora se parece confirmar com a recente decisão do TAD, que determinou que o jogador terá de pagar 16 milhões de Euros à SAD leonina.

Sempre achei um pouco estranha a posição intransigente do clube francês que roubou este jogador ao Sporting, mas agora percebo que a irresponsabilidade de quem guiou o jovem futebolista neste processo, foi ao ponto de não assegurar que os receptores se responsabilizariam por uma eventual indemnização a pagar ao Clube português, pelo que eles estavam à vontade e assim concretizaram o grande negócio da sua pobre história, ao venderem por 35 milhões de Euros, um jogador que sacaram pela porta das traseiras e que deixaram completamente desprotegido neste imbróglio jurídico.

Não sei quais serão as hipóteses que o jogador terá de ganhar um eventual recurso, ou até de conseguir uma redução no montante a pagar ao Sporting, mas duvido que o papá leão e o empresário que fez o negócio, estejam dispostos a devolver o dinheiro que mamaram à conta.

Entretanto as últimas notícias rezam que o melhor empresário do mundo e arredores já entrou em campo para ajudar, ou seja, é mais um na fila dos que querem mamar à custa deste miúdo, que tem realmente algumas qualidades, mas que com tanto abutre à sua volta não vai longe. 

Agora surge Carlos Vieira com a peregrina ideia de trazer de volta o jogador ao Sporting para assim sanar a dívida, como se o Milan não tivesse pago os tais 35 milhões, isto já para não falar das muitas comissões que seguramente foram para os bolsos meia dúzia de mamões, entre os quais o próprio leãozinho, que seguramente não estarão dispostos a devolver nada.

Enfim, está-se mesmo a ver que dificilmente o Sporting vai ser ressarcido de forma justa, e que o rapaz acabará por ser mais uma vítima do futebol dos milhões, como seguramente daqui por uns anos se irá ver, isto enquanto um clubezeco francês e uma serie de chico-espertos, um dos quais o próprio pai do jogador, se encheram à grande.




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