O estado da nação em conferencia de imprensa

A Direcção de Frederico Varandas tem sido frequentemente criticada pelos seus silêncios, que são ainda mais notados porque os Sportinguistas vem de cinco anos em que foram sujeitos a verdadeiras rajadas de comunicação por um Presidente que até respondia à filha de uma comentadora do tempo de Vale e Azevedo, pelo que de certa forma se compreende o recato do actual Presidente, que ainda por cima não tem o dom da palavra.

Os últimos resultados e exibições da equipa de futebol fizeram aumentar as críticas a esta Direcção e como se isso não bastasse, Bruno de Carvalho teima em não sair de cena e publicou um livro onde conta a sua versão dos seus cinco anos de Presidência, onde ao que parece os únicos erros que reconhece foram não ter despedido Marco Silva e Jorge Jesus, porque o resto foi tudo perfeito e a culpa era sempre dos outros, isto já para não falar naquele episódio em que Ricciardi  lhe pede desculpa de joelhos, no ponto mais hilariante de uma obra escrita por Luís Aguilar, um benfiquista fanático e que enquanto comentador da TVI se fartou de bater em Bruno de Carvalho.

É neste cenário que Frederico Varandas resolve quebrar o silencio numa conferência de imprensa que serviu essencialmente para dar palco a Bruno de Carvalho, falando de questões do âmbito de uma auditoria que deveriam ser tratadas em Assembleia Geral e nunca na praça pública, por mais graves que elas possam ser.

Depois repisaram-se as dificuldades financeiras em que o Clube se encontra, quiçá para justificar o emagrecimento do plantel à custa da saída de jogadores como Montero e principalmente Nani, mas nesta altura tal como há cinco anos atrás, o que o Sporting precisa é de soluções e não de culpados. Era isso que eu queria saber, o que está a ser feito no que concerne à reestruturação financeira, um assunto que Francisco Zenha se furtou a comentar. Compreendo que assim seja em fase de negociações, mas então se não há nada para mostrar não venham fragilizar a posição em que se encontram.

No meio deste desnorte Miguel Cal parece-me um homem com boas ideias e um rumo traçado, mas a área onde ele se mexe não anda se o motor do Clube falhar e o futebol é que faz andar tudo o resto, sendo que neste sector as alterações introduzidas por Varandas fazem sentido, mas não produzem efeitos imediatos. É isso que ele tem de explicar.

Mas nem tudo foi mau e saúdo a coragem que o Presidente teve em pôr o dedo na ferido no que diz respeito ao problema das claques, mesmo que isso seja algo que se impunha. No entanto ninguém tenha dúvidas que ele mexeu num ninho de víboras e provavelmente vai pagar por isso, mas se conseguir pôr alguma ordem naquela desordem, já terá uma medalha para mostrar no futuro.

Enfim, vamos para 6 meses de Varandas e cada vez são maiores os sinais de fragilidade desta liderança, de tal forma que já se anuncia para amanhã o reaparecimento de Rcciardi, seguramente com aquele discurso do "eu é que tinha razão" e já a posicionar-se para a reabertura de uma facção que tem estado silenciosa, mas que tem peso no Sporting. Quando cheira a sangue os abutres aparecem logo.

Um Sporting partido e uma liderança fraca. Estão todos os condimentos reunidos para o aparecimento não só dos abutres, mas também dos lobos, das hienas e até dos pequenos predadores.


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