O vento e a ventania

Estava eu metido num avião enquanto o Sporting jogava no Estoril, mas isto hoje a informação também voa e ainda nem tinha posto os pés em terra firme quando ouvi alguém dizer que que o Sporting acabara de fazer o 2-1. Por momentos pensei que tínhamos ganho, mas os benfiquistas são como uma praga que está em todo o lado e assim mal entrei no autocarro levei como veredicto final: "o Sporting perdeu, e ainda bem" sentenciou um engraçado. Pior aterragem não poderia ter tido.

Só hoje é que tive tempo e paciência para ver o jogo e tenho de dizer que à espera de mais vento, depois de Jorge Jesus se ter desculpado com as malfeitorias do Deus Eólo, mas à excepção daquela sucessão de cantos nos primeiros minutos e do lance do primeiro golo, o vento não contou para nada, principalmente na 2ª parte quando favoreceu o Sporting, que se fartou de desperdiçar cantos sem criar nenhum perigo.

O pior foi mesmo aquele segundo golo graças ao VAR, que quando é bem utilizado é uma maravilha. Vá lá que o Mota dos talhos se valeu desta ferramenta para atenuar a sua falta de jeito para a arte dos apitos, pelo que no fim só pudemos falar da tal questão dos tempos de compensação. Foram só 5 minutos que o vento rapidamente levou.

Mesmo assim antes do intervalo Sebastián Coates e Bruno César desperdiçaram excelentes oportunidades para marcar, e nos primeiros 5 minutos da 2ª parte Fábio Coentrão e Fredy Montero fizeram a mesma coisa, no que foram logo imitados por Marcos Acuña, este em dose dupla.

Ou seja, com uma hora de jogo o Sporting já tinha desperdiçado seis ocasiões flagrantes de golo e isso é que foi a verdadeira ventania que se abateu sobre a equipa. A bola parecia que não queria entrar, fosse contra ou a favor do vento.

Depois o tempo começou a passar depressa e o discernimento foi faltando, ao mesmo tempo que a equipa ia caindo em termos físicos e anímicos, com a agravante das substituições nada terem acrescentado, porque se o Rúben Ribeiro ainda se mexe, Bryan Ruiz é um corpo morto e Fredy Montero uma sombra daquele jogador que conhecemos há cinco anos atrás.

Portanto a reacção do Sporting só durou 20 minutos e na última meia hora até foi o Estoril a criar mais perigo, pelo que o vento levou a invencibilidade nas competições internas.

Mas há também que referir que sem Bas Dost na área é preciso jogar doutra maneira, porque Seydou Doumbia não tem nada a ver com o sistema de jogo desta equipa, ainda por cima sem os dois jogadores que com a sua velocidade e irreverência mais abanam com os acampamentos adversários, pelo que será mais da falta dessa ventania que Jorge Jesus se poderá queixar, mesmo que agora já se chore a partida de Iuri Medeiros, que pelo menos tinha jeito para soprar um bocadinho.

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