Sou um defensor incondicional do VAR, uma ferramenta pela qual eu já ansiava muito antes dela ter sido implementada e que contribuiu decisivamente para o fim de um período negro do futebol português, no qual as arbitragens eram controladas por dois clubes que durante 40anos dividiram o festim entre eles.
É claro que o VAR não resolveu todos os problemas do futebol, nem acabou com os erros da arbitragem e de certa forma até veio criar novos focos de discussão, principalmente porque não é fácil balizar o que é, ou não, suscetível de intervenção da parte do VAR. No entanto a questão fundamental passa sempre pela competência, ou falta dela, dos árbitros, e a mim parece-me que a renovação que está em curso tem que ser mais profunda em termos de limpeza das gorduras do passado.
E por falar em competência, Rui Silva, Tiago Leandro e João Pinheiro na passada 5ª feira deram uma enorme facada na credibilidade do VAR. O primeiro ao chamar o árbitro para sancionar um penálti inexistente, num lance que nem duvidoso é, contrariando as recomendações de Duarte Gomes para se intervir apenas na correção de erros grosseiros. O segundo porque levou uma eternidade para verificar a existência de um fora de jogo e o último, a quem cabia a decisão final, porque não teve coragem para contrariar a indicação do seu colega, sancionando um penálti ao considerar que o nº 80 tinha atingido Morten Hjulmand na cara de forma imprudente, para depois não lhe aplicar a respetiva sanção disciplinar.
Como não podia deixar de ser caíram todos em cima, não só dos três artistas em questão, como do Sporting, que para já se remeteu ao silêncio desperdiçando uma bela oportunidade para marcar a diferença. Bastava um comunicado onde se reconhecesse e lamentasse a intervenção precipitada e lenta do VAR, que pode ter tido influência no desfecho da eliminatória, não deixando de se salientar que João Pinheiro, o tal árbitro que todos queriam impor no "derby", mostrou mais uma vez as razões pelas quais o Sporting considera que ele é pouco feliz sempre que arbitra os seus jogos.
Para além disso as declarações do treinador do Santa Clara e do acionista principal da SAD micaelense, ou lá o que é aquilo, também não devem passar em claro, pois faz agora um ano que o Santa Clara ganhou em Alvalade num jogo em que houve, não um, mas dois erros claros de arbitragem sem intervenção do VAR, só que nessa altura estes artistas não manifestaram qualquer preocupação com o estado do futebol português, até porque graças a esses 3 pontinhos o Santa Clara qualificou-se para a Liga Conferência em detrimento o Vitória de Guimarães, clube que certamente teria feito muito melhor figura na Europa do que os micaelenses, isto sem esquecer que essa derrota foi o principio do fim da carreira de João Pereira enquanto treinador principal do Sporting, coisa que também na altura nada preocupou o Vasco Matos e toda aquela gente que tem a mania de dizer que representam uma região, como se a generalidade dos açorianos se sentissem representados por uma coisa que foi criada nos gabinetes da baixa política.
Em relação às dores dos portistas e dos benfiquistas, apenas lhes tenho a dizer que quando o Sporting ganha graças a um erro de arbitragem não é roubo, é reembolso. Foram 40 anos daquilo e nós não estamos habituados nem gostamos de ganhar desta maneira, mas se o tal "manto verde" existisse, a este ritmo nem no século XXII ficaríamos ressarcidos, tamanha foi a roubalheira retratada no "apito dourado" e nos "e-mails do benfica".
Quanto ao jogo, foi feio. Rui Borges jogou com aquilo que tinha e até teve de colocar Maxi Araújo no lado direito do ataque. No banco apenas ficou com um jogador que podia decidir e de facto foi Fotis Ioannidis quem decidiu, mas se o Sporting teve quase sempre mais bola, a verdade é que o Santa Clara teve mais raça e intensidade, conseguindo levar o jogo para onde queria perante um Sporting adoentado.
Em Guimarães vai ser preciso jogar mais e nos comunicados também.

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