Cumprindo o prometido Luciano Gonçalves e Duarte Gomes deram uma conferência de imprensa para fazer o balanço das arbitragens das primeiras 10 jornadas do Campeonato, em nome da anunciada transparência que esta equipa dirigente dos árbitros portugueses acenou como bandeira rumo a uma nova era neste sector.
Confesso que fiquei agradavelmente surpreendido com o discurso e o trabalho apresentado na defesa de um jovem grupo de árbitros e "vares", que ao contrário do que muito se tem dito por aí, não tem estado tão mal assim, embora continuem a haver alguns erros, mas isso é inevitável.
O problema passa essencialmente pela necessidade absoluta de ganhar depois do espantoso bi do Sporting, que colocou Benfica e FC Porto num corredor muito estreito que os fez entrar em pânico, por vezes mesmo antes de se meterem em lugares apertados, recorrendo aos velhos métodos instituídos no futebol português ao abrigo da máxima de que quem não chora não mama.
Não tenho dúvidas de que estes árbitros mais jovens, mesmo sendo uns melhores e outros piores, não estão acorrentados pelos vícios do passado recente quando Benfica e FC Porto dividiam o domínio das zonas de influência desse delicado sector, pelo que a discussão era sobre qual deles seria o mais protegido, enquanto aos outros, entre os quais o Sporting, não restava outro caminho que não fosse chorar, porque as mamas já tinham donos.
O VAR e a queda dos "donos disto tudo" mudou a face do futebol português e agora continuando a acontecer alguns erros, como irão sempre acontecer, estes já não são seletivos, pelo que é natural que quem estava mal habituado esperneie nas horas da aflição, ao ponto de se discutirem até à exaustão cartões amarelos bem ou mal mostrados ou pontapés de baliza transformados em cantos. Não tarda nada chegamos aos lançamentos de linha lateral.
O caminho apontado nesta conferência de imprensa, é o caminho certo rumo ao futuro: mais transparência e menos VAR no respeito das zonas cinzentas na sempre difícil e discutível avaliação dos lances mais complicados, dos quais vou dar quatro exemplos.
1) Agarrões na área - Onde é que está o limite entre o que é penálti e o que não é? Para mim do caso do Gul no Porto-Benfica está na fronteira, pelo que se deve respeitar a decisão do árbitro, ao contrário do que aconteceu no Sporting-Sp. Braga, onde Hjulmand ultrapassou essa fronteira.
2) Vermelhos por entrada de sola - Os pisões são amarelo. O caso de Sudakov está na fronteira. Deve-se respeitar a decisão do árbitro, embora também se aceitasse o vermelho.
3) Penáltis pelo aumento da volumetria - O caso do Benfica-Casa Pia está na fronteira das fronteiras. Estou como o Duarte Gomes, penso que não era de marcar, mas compreendo a omissão do VAR. Na duvida decide o árbitro.
4) Amarelos pelo uso dos braços - Os jogadores não são manetas, não se pode mostrar amarelo ao Maxi num caso em que foi o avançado que se atirou para cima dele, ou ao Inácio num lance dividido em que ele na defesa do espaço tocou com o braço nos pescoço do Gustavo Sá.
Mas em todos estes casos é muito difícil decidir de que lado está a fronteira e vai sempre haver discussão, geralmente resultante da cor dos olhos de quem os analisa, por isso não são lances de VAR, seja na nossa Liga, seja na Liga dos Campeões.
Só espero que a firmeza agora mostrada pela nova classe dirigente da arbitragem, não ceda às pressões que vão continuar e aumentar à medida que a época for avançando, por mais que as máquinas de comunicação dos clubes coloquem os seus "vitores pintos" em modo de histeria nos exaustivos programas da ordem, onde há quem esteja convencido de que tem o poder de condicionar algumas decisões. É deixá-los a chuchar no dedo e a chorar.

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