O futebol está entregue aos milhões e hoje no mundo da bola fala-se deles como de tostões, com muita gente a enriquecer à custa dos clubes, que continuam a gastar o que não tem na ânsia de ganhar a todo o custo.
No futebol português em particular hoje os clubes vivem das transferências e no caso dos três grandes das receitas da Liga dos Campeões, que nesta altura só chegam a um, ou dois deles, daí esta loucura do mercado que estando aberto já com as competições em curso perturba a preparação das equipas, mas isso não interessa a ninguém desde que o dinheiro continue a circular, ainda mais agora com esta enxurrada de milhões do futebol das arábias.
Nesta temporada dois dos grandes clubes portugueses ultrapassaram os 100 milhões de Euros investidos no reforço das suas equipas, enquanto o Sporting andou lá perto e até o Braga bateu recordes, sendo que no caso do Benfica e do FC Porto, o saldo entre vendas e compras foi negativo, mas num lado há eleições à porta e no outro ainda se vive na orfandade de Pinto da Costa.
A bolha vai rebentar é o que se ouve ano após ano, mas a loucura do mercado não pára de crescer e nesta temporada o Sporting foi buscar dois pontas de lança por 22 milhões de Euros cada um, isto depois de vender os dois que tinha por perto de 100 milhões. Para além disso veio um lateral direito por 12 milhões e mais três jogadores por valores menos significativos, mas falhou a contratação do extremo esquerdo, isto depois de se ter falado em jogadores avaliados em mais de 30 milhões e no fim até o remendo Jota Silva acabou por não vir.
Encerrado o mercado e depois de duas derrotas frente aos seus rivais, a internet leonina entrou em depressão porque Benfica e FC Porto ter-se-ão reforçado melhor do que o bicampeão, que perdeu o seu melhor jogador e mudou de sistema de jogo, mas na verdade ainda é cedo para se perceber quem é que acertou mais nesta loucura do mercado.
Luis Suárez é um jogador feito e parece encaixar muito bem no novo modelo de jogo. As primeiras impressões sobre Georgios Vagiannidis também são positivas e ainda ninguém viu Fotis Ioannidis a jogar, faltando perceber se Giorgi Kochorashvili tem capacidade para lutar por um lugar, ou se irá apenas compor o banco como Ricardo Mangas. No resto o plantel é o mesmo, pelo que resta saber se o "tiki taska" de Rui Borges vai valer mais golos do que o "mete a bola no Viktor que ele arrebenta com tudo" das duas últimas épocas.
O FCP está melhor, muito melhor mesmo, mas também era difícil que não estivesse depois daquela que foi a sua pior equipa dos últimos 50 anos. Ainda é cedo para percebermos se este futebol pressionante de Farioli aguenta ou rebenta, como parece já ter acontecido às equipas deste simpático italiano.
O Benfica é o vale tudo do costume, ainda por cima com eleições à porta. Se um anuncia obras megalómanas, o outro promete o penta, se um assegura o regresso do Bernardo e tem o Amorim na cabeça, o outro avança com o Klopp, porque é para ganhar a Liga dos Campeões. Do Lage é que só o incumbente parece gostar, por isso o homem já entrou na campanha e tudo. É o circo habitual no clube dos milhões.
Um coisa é certa, só um vai ser Campeão e o 3º classificado fica a ver os milhões da Liga dos Campeões a desaguar nos cofres rivais. É assim o "tugão" dos nossos dias.
Até quando é que não se sabe. Na sequência da novela Gyokeres eu já ouvi um douto comentador da nossa praça, bem versado em assuntos jurídicos, a afirmar que essa coisa das cláusulas de rescisão ia acabar no dia em que um maluco resolvesse levar o assunto para os tribunais, porque a diferença entre os rendimentos dos jogadores e as referidas cláusulas é tão grande que nenhum juiz deixará de dar razão ao jogador que as puser em causa.
Foi por isso que se falou na possibilidade de Gyokeres avançar para a rescisão unilateral do seu contrato em caso de não haver acordo entre o Arsenal e o Sporting. A generalização da chamada "Lei Webster" só ainda não aconteceu porque os clubes, os agentes e os jogadores, sabem que quando forem por esse caminho o valor das transferências baixará significativamente e todos passarão a receber muito menos dinheiro, seja em vendas, comissões ou ordenados, de tal forma que os grandes clubes esmagarão os pequenos e médios, onde se encontram os portugueses. É a história da galinha dos ovos de ouro que eles não querem matar. Até ao dia em que aparecer o tal maluco.
Comentários
Enviar um comentário