O Sporting arrancou para o ataque ao tri com uma vitória por 2-0 sobre o Casa Pia, abrilhantada por uma excelente exibição, numa altura em que muitas são as reservas que se levantam em relação à mudança de sistema de jogo implementada por Rui Borges.
Foi um jogo com o domínio total do Sporting que ao intervalo tinha 16 remates à baliza adversária, contra 1 do Casa Pia, números que no final ficaram em 25-7 e que revelam um grande volume de jogo ofensivo ao qual só faltaram mais golos, perante um rival que pouco ou nada atacou, mas mais do que isso, o futebol apresentado foi muito agradável à vista.
Agora resta saber se estas evidentes melhorias significam que a equipa está a assimilar as ideias do seu treinador, ou se este Casa Pia é mesmo tão fraco como pareceu ser, pois o Sporting da pré época tem muito pouco a ver com o de Rio Maior.
Um dia Sérgio Conceição disse que o 3x4x3 de Amorim era tão fácil de entender como difícil de contrariar. De facto tratava-se de um sistema de jogo simples e eficaz que resultou bem durante quase 5 anos, rendendo ao Sporting três Campeonatos, uma Taça de Portugal, duas Taças da Liga e uma Supertaça, pelo que a decisão de Rui Borges em fazer algumas alterações dando um cunho pessoal à sua equipa, é bastante arriscada e perante as tímidas exibições da pré época, até acabam por ser compreensíveis as reticencias manifestadas por muito boa gente, entre os quais eu também me encontro.
Foi pois com alguma surpresa que em Rio Maior tivemos um Sporting que o próprio Rui Borges considerou ter sido um dos mais conseguidos desde a sua chegada a Alvalade e de facto ninguém pode negar que a equipa jogou bem, o que não invalida que ao contrário do anterior sistema, este seja muito mais complexo.
A defesa parte de uma base de 4, mas um dos laterais, neste caso o do lado esquerdo, faz todo o corredor, e aqui devo dizer que gostei da capacidade que Ricardo Mangas mostrou para desempenhar esse papel, embora tenha estado muito precipitado no momento do passe, enquanto do outro lado Iván Fresneda é mais comedido e pode funcionar como terceiro central, o que neste jogo não foi necessário, deixando a ala para Geny Catamo, que também pode ser lateral quando for preciso defender com 5, isto numa altura em que Rui Borges continua a preferir o moçambicano a Geovany Quenda, numa posição onde estamos muito bem servidos.
Outra variante tem sido o posicionamento de Iván Fresneda, a atacar muitas vezes por dentro, o que não me convence dadas as suas limitações técnicas. Vamos a ver como é que Georgios Vagiannidis encaixa neste sistema em que o lateral direito, que neste caso tem sido o espanhol, é mais um homem a aparecer perto da área, numa espécie de imitação do que Guardiola já experimentou no City e que Martinez replicou com João Cancelo na Seleção.
A saída com bola neste jogo foi quase sempre a 2, mas também se viu um dos médios a recuar para junto dos centrais, o que deverá acontecer mais vezes contra equipas fortes, no entanto com menos gente lá atrás o risco aumenta quando se falha um passe.
Na frente Francisco Trincão e Pedro Gonçalves tem amplas liberdades, mantendo-se como avançados interiores que continuam a dar as alas aos laterais, a grande diferença está no ponta de lança, pois Luis Suárez não pode dar a profundidade que Gyokeres dava, mas agora temos um jogo mais associativo e aí o colombiano parece que encaixa bem. Faltou-lhe no entanto eficácia na hora do remate. Ele fartou-se de tentar mas nunca acertou. De qualquer forma deu boas indicações e estou certo de que os golos vão aparecer. Não há é alternativas, pois não estou a ver Conrad Harder a funcionar neste jogo de tabelas onde o ponta de lança por vezes tem de jogar de costas para a baliza.
No fundo este sistema é como qualquer outro, mesmo que seja algo complexo e cheio de variantes, pode funcionar bem desde que os jogadores comprem a ideia do treinador, os tais 20% que Rui Borges diz ser o seu peso na estratégia e organização da equipa. Para já parece que os jogadores estão a assimilar bem a coisa, agora há que dar o beneficio da dúvida ao treinador, que quer queiramos quer não perdeu o jogador à volta do qual tudo funcionava. Afinal pode haver vida para além do Viktor.
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