Quando chegou ao Sporting Rui Borges fez questão de se afirmar com as suas ideias, marcando a diferença em relação a um passado recente em que Ruben Amorim era o líder carismático e incontestado e assim o Sporting começou logo a jogar com uma linha de 4 defesas, que abriu espaço para um jogador como Iván Fresneda, mas fez com que ficassem a sobrar centrais e a faltar médios e até extremos.
Os resultados não foram brilhantes, mas mesmo assim a equipa melhorou em relação ao desastroso período da transição que se idealizava como pacifica para João Pereira, no entanto consta que terão sido os jogadores a convencer o seu novo treinador a regressar ao 3x4x3 em que a equipa se sentia mais confortável e para o qual o plantel fora construído, uma sugestão que Rui Borges teve a humildade e a inteligência de aceitar e que terá contribuído para que a equipa voltasse ao seu ritmo vitorioso, mesmo sem atingir o brilhantismo do início da temporada, mas que foi suficiente para a conquista do desejado bicampeonato e da sempre apetecível "dobradinha".
No entanto, agora que o treinador vai finalmente ter tempo para os tais treinos aquisitivos, tudo aponta para que ele possa finalmente impor um Sporting com a sua marca pessoal, que passe a jogar em 4x2x3x1, um salto arriscado na ótica da máxima de que em equipa que ganha não se mexe, mas que Rui Borges parece decidido a assumir.
Estou muito curioso para ver os primeiros jogos, até porque também já li que Rui Borges poderá optar por um sistema híbrido, em que um dos laterais possa fechar por dentro (Iván Fresneda ou Matheus Reis), enquanto o outro será mais ofensivo (Geny Catamo ou Maxi Araújo), o que lhe permitirá alternar entre a sua ideia de jogo e aquela que herdou do passado recente desta equipa. Pode resultar, mas temos que ver como vai funcionar na prática.
De qualquer forma prevêem-se alterações no plantel onde faltam laterais e sobram centrais, sendo que um jogador como Eduardo Quaresma poderá ser prejudicado se a equipa passar a jogar numa linha de 4, pois faltam-lhe centímetros para ser um central puro e como lateral será sempre uma adaptação.
Não conheço Vagiannidis de quem se fala para a a posição de lateral direito e para o lado contrário parece que que Rui Borges está satisfeito com os que tem, restando saber se Nuno Santos vai contar como lateral, ou para a linha da frente.
No centro Ousmane Diomande e Gonçalo Inácio partem na frente, mas Zeno Debast e Jeremiah St. Juste são alternativas que dão todas as garantias, restando ainda Eduardo Quaresma.
No duplo pivot do meio campo vai ser Morten Hjulmand e mais um, não faltando aqui boas opções como Hidemasa Morita, João Simões, Giorgi Kochorashvili, que ainda é uma incógnita, sem esquecer Zeno Debast, que na época passada fez bons jogos neste lugar.
Tudo indica que o papel de 10 estará destinado a Pedro Gonçalves, ficando aqui a faltar uma alternativa, que num cenário ideal teria de ser um jogador capaz de atuar também no duplo pivot, tipo Daniel Bragança, com o qual neste momento não se pode contar, ocorrendo-me aqui o nome de Gustavo Sá, mas já se sabe que o Famalicão estará a pedir qualquer coisa como 25 milhões, o que me parece algo puxado.
Para a frente fala-se na vinda de mais um homem capaz de jogar pela esquerda depois do flop que foi Biel, restando saber se Alisson Santos vai mesmo contar, isto já para não falar do já referido Nuno Santos, havendo ainda Geovany Quenda, que tal como Geny Catamo pode jogar dos dois lados, mesmo que à partida Francisco Trincão seja intocável na direita. Parece-me suficiente, mas se fosse o Tzolis....
A substituição de Viktor Gyökeres será a tal história do rapaz que namorava a miúda mais bonita da escola. Quem vier atrás será sempre olhado com o peso da comparação com um jogador que marcou 97 golos em 102 jogos ao serviço do Sporting, pelo que todo o cuidado é pouco para não se repetir um tiro completamente ao lado como o que aconteceu na substituição de Amorim. Nomes como Luis Suarez e principalmente Nikola Krstovic, são interessantes, mas temos de perceber que não são a miúda mais bonita da escola, pelo que quando olharmos para eles não podemos querer ver os olhos verdes e brilhantes de um jogador que às vezes partia tudo quase sozinho.
Já agora devo dizer que Conrad Harder superou as minhas expetativas, ele pode nunca vir a ser a miúda mais bonita da escola, mas tem mentalidade vencedora e vai continuar a ajudar muito esta equipa, assim Rui Borges deixe de o ver como o trapalhão que só entra aos 80m.
Finalmente temos o problema da baliza resolvido com a chegada de Rui Silva que já mostrou capacidade para ser um guarda redes de um clube grande, pelo que aqui não há motivos para mexer.
Resumindo e concluindo, depois de se fechar a inevitável transferência de Viktor Gyökeres, há que contratar um avançado que o substitua, um lateral direito que sustente a previsível alteração no modelo de jogo e na minha opinião mais um médio ofensivo. Depois é esperar para ver se as ideias de Rui Borges resultam, ou se ele vai ter de recuar outra vez. É a altura de se ver se se o rapaz de Mirandela tem unhas para o Ferrari.
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