O jogo de Guimarães estava para Rui Borges da mesma forma que o com o Santa Clara estava para João Pereira, dada a necessidade desses treinadores se imporem perante o plantel e os adeptos, ainda desconfiados da nova liderança e na ressaca da súbita saída de Ruben Amorim. A diferença era que enquanto o primeiro vinha de uma goleada frente ao Arsenal, o segundo estreara-se com uma vitória no "derby", mas no fim Rui Borges foi salvo por um lance de inspiração de Francisco Trincão e pela derrota do Benfica, ao contrário de João Pereira a quem tudo correu ainda pior do que se poderia esperar, pelo que é caso para dizer que a estrela da sorte que um nunca chegou a ver, parece acompanhar o outro.
No entanto se eu nunca percebi bem porque é que mesmo não mexendo muito na equipa, esta deu um trambolhão enorme com a entrada do príncipe herdeiro, agora penso que não é difícil entender que este é um Sporting a tentar ajeitar-se às novas ideias introduzidas por um treinador que veio de baixo, pelo que ainda se aceitam alguma falhas.
Mesmo assim parece-me que a saída de bola tornou-se verdadeiramente assustadora e em Guimarães o numero de passes à queima roçou o inaceitável, de tal forma que Ousmane Diomande parecia um jogador dos regionais, mas de toda a linha defensiva só Jeremiah St. Juste escapou.
Pior ainda foi a passividade com que Rui Borges ficou a ver a equipa a perder o controlo do jogo e a afundar-se perante um adversário que jogou sempre aberto dando muito espaço, que a partir de uma certa altura o Sporting deixou de conseguir aproveitar, porque era evidente que havia jogadores a morrer.
Assim as substituições voltaram a ser tardias, num jogo que era a cara de Conrad Harder que só entrou depois do 4-3, com a agravante de ser evidente que Francisco Trincão já não andava, tal como Hidemasa Morita que só saiu nessa altura, isto depois de João Simões ter entrado para jogar na frente, quando era visível que o meio campo precisava de sangue novo.
É verdade que Franco Israel e Matheus Reis foram réus em pelo menos três golos, mas o treinador não foi capaz de ajudar a equipa na altura que ela precisava e quase perdeu o jogo de uma forma difícil de entender.
Do mal o menos, salvou-se um ponto num jogo que estava ganho e que esteve perdido depois da equipa levar três golos em 15 minutos.
Depois do que aconteceu nesta jornada, a Taça da Liga passa a ter um valor acrescido para os dois grandes de Lisboa e no caso do Sporting o adversário é um FC Porto pelo qual ninguém dava nada, mas que neste momento só perdeu 2 pontos com os clubes mais pequenos, contra 10 do Sporting e do Benfica, estando numa posição vantajosa para se isolar na frente do campeonato, pelo que chega a Leiria com menos pressão do que os seus rivais e a barriga cheia com os últimos dois troféus que ganhou precisamente derrotando o Sporting de Amorim, que agora sob o comando de Rui Borges anseia por uma nova vida e pela desforra obrigatória.
Comentários
Enviar um comentário