Adeus Rúben Amorim


Eu tinha 11 anos quando o Yazalde, o meu ídolo de infância, foi para França, precisamente na mesma altura em que o Carlos Alhinho e o Dinis foram para o Porto, para além de mais três ou quatro que foram para clubes mais pequenos, desfazendo-se assim uma equipa que alguns dizem que foi a melhor que o Sporting teve depois dos Cinco Violinos.

Foi aí que o meu pai me explicou que eles eram profissionais e só nós os adeptos é que não mudávamos de clube. Daí para a frente aprendi a conformar-me com as saídas de muitos dos nossos jogadores para clubes rivais, da mesma forma que alguns deles vinham de lá para cá e não os posso criticar por defenderam os seus interesses, sejam financeiros ou desportivos.

A única exceção que eu me lembre foi o Manuel Fernandes, esse sim, recusou propostas milionárias para ir para o Benfica e ofereceu-se ao Sporting quando o Porto se preparava para o ir buscar à CUF.

O resto tratou da sua vida e fez muito bem. Apenas me irrita quando depois se armam em sportinguistas sempre que lhes cheira a tacho. O único que merecia tacho era o Manel, que era tão Sportinguista como nós os adeptos, os outros são profissionais que merecem a minha consideração pelo que deram ao Clube, desde que depois não o desrespeitem, como já aconteceu com alguns.

Portanto não tenho nada que apontar ao Rúben Amorim por ele colocar a sua legitima ambição profissional, não me parece que tenha nada a ver com dinheiro, à frente da razão, porque convenhamos que é pouco razoável abandonar o barco nesta altura. É uma decisão pessoal, que eu não tenho dúvidas de que o abalou e o dividiu, mas que poucos seriam os que no lugar dele não a tomariam.

Para a história do Sporting Rúben Amorim ficará apenas atrás do Mestre Joseph Szabo em numero de jogos, vitórias, épocas e títulos e na minha memória ficará como o melhor treinador que eu vi no Clube, mas se o Sporting perder este campeonato será sobre ele que cairão todas as responsabilidades, depois de ter abandonado o barco num momento totalmente inesperado e inoportuno como este, uma coisa que ele hoje reconheceu que o atormenta e eu acredito que sim, pois ao longo destes anos aprendi a apreciar e a perceber a sua forma frontal e autêntica de comunicar connosco.

Apesar de neste momento ele ter prejudicado o Sporting ao colocar os seus interesses à frente dos nossos, o que é um direito que lhe assiste e estava consagrado no contrato, compreendo a sua decisão por muito que me custe, até porque o futebol é um mundo cão onde os que hoje exigem respeito, amanhã insultam de forma gratuita como se vai vendo por essa internet fora, que felizmente não é e nunca foi representativa do pulsar da nação sportinguista.

Sendo assim desejo ao Amorim as maiores felicidades no Manutd, que por acaso até é o clube inglês com que eu mais simpatizo, mesmo antes do Cristiano Ronaldo e do Bruno Fernandes, que até são daqueles que também merecem toda a minha consideração e respeito.

Agora está na altura de mostrar a solidez do trabalho feito até aqui, que não pode depender só de um homem, mesmo que eu reconheça as dificuldades em substituir alguém tão marcante como o Rúben Amorim e numa fase destas, em que será contraproducente contratar um treinador feito que venha mudar tudo, ao mesmo tempo que é arriscado apostar em alguém sem experiência como é o João Pereira, o que no entanto me parece ser a solução possível, ou a menos má. Vamos ver!

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