O voto eletrónico


Na próxima Assembleia Geral do Sporting, a Direção de Frederico Varandas propõe a aprovação de uma alteração aos Estatutos do Clube, que visa a implementação do voto eletrónico, o que permitirá a todos os sócios do Sporting Clube de Portugal a participação ativa nas grandes decisões da vida do Clube, a partir de qualquer parte do mundo.

Eu, enquanto sócio que vive muito longe de Lisboa, nunca participei numa Assembleia Geral e só votei nos últimos dois atos eleitorais porque foi implementado o voto por correspondência, pelo que não posso deixar de por principio estar claramente inclinado a favor desta proposta, embora me pareça que ela deve ser discutida e muito bem explicada.

O voto eletrónico ainda não é algo que ofereça todas as garantias de segurança, pelo que levanta sempre algumas dúvidas e muita desconfiança, daí que ainda seja pouco utilizado. No entanto sendo o Sporting um Clube com um universo de apenas cerca de 50 mil votantes, não me parece que seja assim tão difícil de implementar esta medida. 

De acordo com o que foi avançado pelo Presidente da MAG, João Palma, se esta medida for aprovada, será aberto um concurso público com caderno de encargos para escolher uma empresa externa ao Clube, credenciada e certificada, que será responsável pelo processo de votação à distância, devidamente auditada por uma terceira entidade independente.

É claro que esta proposta foi acolhida com entusiasmo, principalmente da parte dos Núcleos que acolhem os sócios que estão mais distantes de Lisboa e que veem aqui uma oportunidade para participarem ativamente na vida do Clube, mas também há quem levante algumas reservas porque na verdade este processo ainda não é garantidamente seguros.

Para além disso há a tal minoria que prefere as Assembleias Gerais pouco participadas, onde até já chumbaram um Relatório Contas, arregimentando a manada quase toda, de forma a conseguirem ter algum peso num universo reduzido de sócios.

São os mesmos que contestam as Assembleias Gerais realizadas em dia de jogo, onde os sócios até podem entrar, votar e sair, sem terem de se sujeitar a insultos e maus tratos daqueles que querem impor a sua vontade à força, e que agora também não veem com bons olhos este alargamento do universo de votantes, que os irá reduzir a uma posição ainda menos significativa daquela que hoje detém.

A argumentação é a do costume: os "croquetes" vão controlar o sistema à sua vontade, os sócios mais velhos e pouco esclarecidos, que ainda por cima tem mais votos, podem ser facilmente enganados, entre outras teorias mirabolantes como a de um grupo estrangeiro pagar a 10 mil chineses para se tornarem sócios do Sporting, para inquinar os resultados das Assembleias Gerais. Para eles, bom eram as votações de braço no ar do tempo do Marta Soares em que estava tudo aprovado a olho por mais ou menos 80%.

Pela minha parte, nesta altura atendendo às reservas que ainda há em relação à segurança do voto eletrónico, eu preferia que isto pelo menos numa primeira fase fosse implementado com mesas de voto no maior numero de Núcleos possível, o que só por si já iria alargar o numero de participantes nas Assembleias Gerais do Sporting, reduzindo as tais minorias organizadas à sua insignificância, sem corrermos riscos de manipulações, até porque todos sabemos que nas duas anteriores Direções havia gente que não olhava a meios para atingir os seus fins, como se viu nas eleições de 2011 e na crise de 2018 e nunca se sabe o que é que o futuro nos reserva, pois basta que os resultados do futebol não sejam os melhores, para que o povo se esqueça do passado recente e vá atrás de um flautista qualquer.



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