Regresso ao passado


A derrota do Sporting na Madeira foi um enorme tiro no balão de oxigênio com que Rúben Amorim parecia ter conseguido recuperar a sua equipa, aproveitando a paragem do campeonato para o Mundial do Qatar, e constituiu um forte abalo nos índices de confiança de um grupo com muitas fragilidades, ainda por cima em vésperas de um "derby" e numa jornada em que o FC Porto tinha tropeçado.

Este resultado pode-se explicar por diversos fatores, logo a começar pela atitude com que as duas equipas encararam o jogo, com o Marítimo a surpreender o Sporting com uma entrada com tudo, provavelmente a pensar na importância de marcar primeiro, que tinha sido referida por Rúben Amorim na antevisão ao jogo.

Foram 15 minutos a todo o gás que poderiam ter resultado em golo. Só faltou mesmo que se confirmasse aquela máxima do quem não marca sofre, quando Carné negou um golo certo a Paulinho, na primeira vez em que o Sporting chegou à baliza do Marítimo.

Depois o jogo equilibrou porque ninguém aguenta aquele ritmo, mas deu sempre a sensação de que o Sporting tinha menosprezado o seu adversário, como de resto se pode depreender do facto de Nuno Santos ter sido poupado, claramente a pensar no Benfica.

Mas o fator determinante acabou mesmo por ser a exiguidade do plantel leonino, que com as lesões e os castigos não tem grandes alternativas para os muitos impedimentos que vão surgindo e desta vez a inexperiência do ainda Júnior Mateus Fernandes, acabou por ser fatal.

No entanto ainda havia muito tempo para jogar, só que do banco, para além de Nuno Santos que realmente acrescentou logo outro andamento à equipa, saíram jogadores vulgares e mesmo que o Sporting tenha conseguido entrar várias vezes pelas alas, no momento da decisão faltou sempre alguma coisa, ou porque o último passe não saia, ou porque não há um ponta de lança capaz de jogar mais fixo e sendo assim este foi um regresso ao passado recente, que terminou com mais uma derrota.

O último fator com influência neste resultado foi a arbitragem do costume. Nem me vou referir ao possível penalti sobre Pedro Porro, porque é um lance que pode ser considerado discutível. As intensões deste árbitro foram visíveis logo no momento do cartão amarelo mostrado a Marcus Edwards, em oposição à condescendência mostrada perante entradas iguais, ou piores, dos madeirenses. É nestes pormenores que é visível a diferença de tratamento dos árbitros em relação ao Sporting e aos seus dois grandes rivais, como de resto se viu neste fim de semana no Jamor e na Luz, o que depois acaba por obrigar o nosso treinador a fazer a gestão da equipa a pensar nisso.

A verdade é que com esta derrota o Sporting fica definitivamente afastado da luta do título e com as contas de acesso aos lugares de apuramento para a Liga dos Campeões muito complicadas. Era fundamental ganhar na Madeira e a equipa falhou no pior momento possível, pelo que agora já não há remédio.


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