Como condicionar o trabalho de um treinador

Estranhamente, ou talvez não, o caso do pretenso penalti sobre Pedro Porro, tem sido um dos assuntos mais badalados desta semana, com a generalidade dos comentadores e dos ex árbitros que se debruçam sobres estes casos, a considerarem errada a decisão de Hélder Malheiro e do seu fiscal de linha e incompreensível a inação de do VAR Cláudio Pereira.

Conforme já anteriormente aqui escrevi, na minha opinião trata-se de um lance discutível, pois se é verdade que houve um pequeno empurrão pelas costas que pode ter desequilibrado o ala leonino, também me parece que o espanhol aproveitou o contacto, pois não ia conseguir chegar àquela bola. Sendo assim, não me parece que seja um lance para o VAR e tenho a certeza de que se tivesse sido na outra área, quase todos os Sportinguistas estariam a dizer o mesmo do que eu.

Devo ainda acrescentar que Iturralde González, o ex árbitro espanhol que escreve às quartas-feiras no Record e com o qual estou geralmente de acordo, pois para além de ser um especialista, não tem amigos entre os árbitros portugueses, nem simpatias clubísticas para lhe toldar as vistas, também é da mesma opinião do que eu.

No entanto tudo isto não invalida que este árbitro e também o que estava no conforto da Cidade do Futebol, sejam do pior que por aí anda e que aquilo que o nosso Manuel Fernandes referiu na Sporting TV, seja uma pura realidade, pois na sua generalidade os árbitros portugueses não tratam o Sporting da mesma forma do que tratam os nossos rivais, não por uma questão de respeito, mas pura e simplesmente por medo, pois para além dos constantes ataques que sofrem da parte de Porto e Benfica sempre que não os favorecem, eles também sabem o poder que estes clubes tem nos bastidores. É caso para se dizer que o crime compensa.

Rúben Amorim também sabe disso, daí que o seu trabalho esteja condicionado pela necessidade que ele sente em proteger-se, não apenas de uma equipa, mas de duas, por isso é que resolveu deixar Nuno Santos fora do jogo da Madeira, pois ele sabe que é muito fácil mostrar amarelos ao nº 11 leonino, principalmente quando os árbitro entram em campo já de olho nele.

De resto, eu dei-me ao trabalho de fazer uma rápida recolha de dados sobre uma questão que é pouco falada, mas que mostra que o trabalho de Rúben Amorim está de facto condicionado pelas arbitrariedades deste apitadores. Refiro-me às substituições feitas em resultado dos jogadores estarem amarelados, coisa que no Sporting é frequente, o que mostra que o treinador sabe que não pode arriscar muito nesse capitulo, coisa que não preocupa assim tanto os seus colegas de profissão.

O resultado da minha investigação é claro: Ao longo das 15 jornadas já decorridas, os jogadores do Sporting, que como se sabe são muito agressivos, viram 48 cartões amarelos e em mais um terço desses casos (18), foram substituídos. Já os do Benfica viram 35 amarelos e apenas 10 acabaram por ser retirados do campo pelo seu treinador. Quanto ao Porto, foram apenas 26 os cartões mostrados, pois como todos sabemos trata-se de uma equipa pouco agressiva e desses apenas 7 foram substituídos, 3 dos quais até eram avançados, pelo que se depreende que não foi por terem amarelos que Conceição os tirou do campo, uma situação que também se aplica ao Benfica pelo menos duas vezes.

Concluindo, é assim que estes artistas condicionam as equipas e no jogo da Madeira o cartão mostrado a Marcus Edwards foi revelador das intensões do Malheiro, que ainda na 1ª parte perdoou pelo menos uma entrada muito dura a um jogador do Marítimo. É por aqui que o Sporting deveria pegar e não por um pénaltizinho. Mas nem vale muito a pena fazer barulho, pois na liga ninguém liga.

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