Uma equipa com a cabeça limpa


Depois de uma fase de grupos irrepreensível, o Sporting garantiu o apuramento para a final a quatro da Taça da Liga, com uma goleada ao Braga, passando com distinção um teste de elevado grau de exigência, o que aparentemente confirma que a paragem para o Mundial foi aproveitada em pleno para limpar a cabeça aos jogadores, que agora apareceram revigorados, sendo que para isso muito terá contribuído a oportuna renovação do contrato do treinador, que assim assumiu a continuidade de um projeto que chegou a parecer estar comprometida e, o tempo que ele teve para trabalhar neste bem sucedido "reset mental" que resultou numa sucessão de bons resultados e excelentes exibições, que culminaram no festival de golos de ontem em Alvalade.

Na realidade o Sporting fez frente ao Braga a sua melhor exibição da "era Amorim", apresentando-se muito forte, pressionante, moralizado e eficaz, pelo que os primeiros 47 minutos foram brilhantes, com Paulinho a confirmar o bom momento que atravessa, Marcus Edwards a afirmar-se cada vez mais como o jogador mais valioso deste plantel e até Francisco Trincão parece estar a desabrochar. Na 2ª parte, como é natural, o ritmo de jogo baixou e a equipa limitou-se a controlar um adversário que já não tinha ânimo para reagir.

No final Rúben Amorim fez questão de pôr água na fervura e de pedir paciência aos adeptos, pois todos temos de ter consciência de que nem sempre vai ser assim tão fácil como foi ontem, pelo que há que manter a concentração e o foco total, principalmente agora que o campeonato vai recomeçar. Foi um aviso para os adeptos, mas também para os jogadores, numa altura decisiva em que a equipa parece estar quase no ponto, pelo que é preciso aproveitar esta embalagem e as doses de confiança associadas a estes bons resultados.

No entanto como Rúben Amorim referiu, há sempre coisas a melhorar e os problemas desta equipa não desapareceram de um dia para o outro. É verdade que Jeremiah St. Juste e Hidemasa Morita podem acrescentar soluções e que o mercado pode trazer reforços, nomeadamente para a defesa muito acossada pelas lesões e uma alternativa para Paulinho que está em grande forma, mas que não é uma solução para quando for preciso apostar no jogo aéreo, no entanto, também não se podem esquecer os jovens que estão a emergir, pelo que nunca é fácil encontrar o equilíbrio entre a necessidade de apresentar resultados e o tempo de maturação da equipa e das suas individualidades.

Há também o meio-campo, onde Pedro Gonçalves continua a não me convencer. Parece-me que ele depois de ter provado o sabor do protagonismo de ser um avançado goleador, não está a render o suficiente neste seu regresso à sua posição de origem, onde apesar das dificuldades inerentes ao peso da responsabilidade de substituir um jogador diferenciado como é Matheus Nunes, Hidemasa Morita até se tem safado muito bem.

Enfim foi bonito e encheu a alma dos Sportinguistas, mas as maiores dificuldades estão para chegar e há que ter a noção disso mesmo.

Um nota final para a arbitragem de Luís Godinho, que num jogo fácil conseguiu complicar com um critério disciplinar incompreensível e ainda deixou por marcar um penálti claro sobre Sotiris Alexandropoulos.

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