O tempo útil de jogo e as compensações

A velha questão do tempo útil de jogo e das compensações para as muitas paragens que uma partida de futebol sofre, voltou à ordem do dia, mas apenas porque Sérgio Conceição fica sempre muito eriçado quando perde.

Primeiro foi em Vila do Conde, onde se queixou do pouco tempo que se jogou, como se fosse uma novidade que em Portugal há paragens a mais, coisa de que os árbitros e os jogadores não são os únicos culpados, sendo que a equipa do FC Porto é de longe a mais especializada nos mergulhos para a piscina.

A seguir, em Madrid, já não achou muita graça à compensação sobre a compensação do tempo perdido, porque aí o resultado nem era mau, mas como o FC Porto acabou por perder já depois dos minutos extra inicialmente dados pelo árbitro, Conceição já não gostou.

No abstrato Sérgio Conceição até tem razão, mas nos casos referidos nem por isso, pois conforme ficou demonstrado, o jogo com o Rio Ave nem foi dos piores, isto dentro da bitola do futebol português e, o tempo suplementar a mais dado em Madrid tinha justificação.

No entanto, independentemente de tudo isto, a realidade é que em Portugal se joga pouco tempo à conta das constantes interrupções, principalmente nos últimos minutos dos jogos e que os critérios utilizados pelos árbitros para compensar o tempo perdido, nem sempre fazem sentido, nem obedecem a um critério objetivo.

Por coincidência o Presidente da UEFA referiu-se recentemente a esta situação, quando à margem do Thinking Football afirmou não estar de acordo com a alteração da forma de cronometrar os jogos, defendendo que a solução passa pelo aumento dos tempos de compensação atribuídos pelos árbitros, o que obviamente não me parece ser uma grande solução.

Não quero estar aqui a descobrir a roda, mas atendendo ao facto de neste momento os árbitros terem recomendações para compensarem as paragens para substituições, as entradas das equipas médicas e as avaliações de lances pelo VAR, isto para falar apenas das interrupções que acontecem em praticamente todos os jogos, porque há outras extraordinárias que obviamente também devem ser compensadas, porque não tirar aos árbitros o peso de contabilizar esses tempos perdidos e pura e simplesmente parar o cronometro nessas situações e eventualmente noutras que se considere necessário, como por exemplo os festejos dos golos, para depois acabar os jogos aos 45 minutos de cada parte, sem prejuízo de se deixar concluir as jogadas de ataque em curso, desde que estejam em fase de finalização.

Este parece-me que seria um critério objetivo e justo, que tornaria alguma da ronha inútil, ao mesmo tempo que retiraria aos árbitros o poder de darem o tempo que lhes apetece, por vezes com critérios duvidosos, esvaziando assim os motivos de discussão para quem sempre que perde arranja desculpas esfarrapadas. Parece-me fácil e eficaz, basta quererem.


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