Isto não é o Sporting


“Isto não é o Sporting” é uma frase que feliz, ou infelizmente, de vez em
quando se ouve nas bancadas sportinguistas. Felizmente porque é bom que
ainda haja gente pronta para defender a cultura e as tradições sportinguistas
que fizeram do Sporting um Clube diferente, infelizmente porque é pena que
seja preciso fazer essa chamada de atenção, embora cada vez mais seja
necessário ter alguma coragem para fazê-la.
 
O desporto em Portugal transformou-se num campo de batalha onde impera o
ódio em vez da rivalidade e no Sporting há uma corrente de adeptos que
defendem que não podemos ser anjinhos e que temos de lutar com as mesmas
armas do que os outros. Por um lado, criticam-se os métodos utilizados para
ganhar a qualquer custo e o clima de intimidação que se vive em alguns
estádios e pavilhões, mas por outro, sucedem-se os apelos para que se crie
um ambiente idêntico nas nossas bancadas, ao mesmo tempo que os nossos 
dirigentes são apelidados de "bananas" para cima, pelo que cada vez estamos
mais iguais aos outros e até já conseguimos ser piores, como se viu em Maio de
2018.
 
Os recentes acontecimentos dos “derbys” de Hóquei em Patins são
demonstrativos disso mesmo. Criou-se um ambiente de ódio nas bancadas do
João Rocha e se a polícia resolveu intervir foi certamente porque terão tido
motivos para isso, embora eu não me lembre de uma limpeza assim em
nenhum outro pavilhão. Mas pronto, tinha que se começar por algum lado e foi
no João Rocha, vamos a ver se esta rédea a curta é para continuar e se vamos
finalmente limpar as bancadas dos criminosos que fazem delas o seu habitat.
 
O grande problema é que na bancada onde estavam os benfiquistas também
houve excessos e ninguém fez nada, o que terá motivado as manifestações de
desagrado por parte de Miguel Afonso que acabou detido. Mais uma vez aqui
eu acredito que ele se tenha excedido, de resto o próprio já o reconheceu, mas
também foi a primeira vez que vimos um dirigente de um Clube ser alvo da
fúria dos policias, pelo que o homem deve ser mesmo um demónio em
comparação com os dirigentes dos nossos rivais, ou então só há tolerância
zero perante os bonzinhos e muito medo dos mauzões. É que eu já vi dirigentes 
e treinadores dos clubes rivais a ameaçarem tudo e todos, sem que nada lhes
acontecesse. Estou para ver esse musculo dos policias daqui para a frente.
 
Entretanto o Sporting manteve um prudente silêncio em relação ao assunto, o
que se compreende, pois, Miguel Afonso ia ser presente a um juiz e, portanto,
o melhor mesmo era deixar a poeira assentar e preparar bem a sua defesa nos
locais próprios. É verdade que o comunicado que entretanto saiu teve o mérito
de reconhecer excessos, mas espero que a reunião solicitada ao MAI não seja
para defender o indefensável, mas antes para exigir uma limpeza geral nas
bancadas dos pavilhões e estádios portugueses. Não pode ser só em Alvalade.
 
Quem na minha opinião não pode nem deve continuar calado é Gilberto
Borges, cujas declarações já geraram muita especulação. A pior coisa que há é
deixar este tipo de coisas no ar e depois não concretizar e acima de tudo
permitir que os nossos rivais se aproveitem da situação para queimar em lume
brando quem querem atingir. Portanto se o Sr. Borges tem alguma coisa a
dizer, que diga, mas se não tem coragem para concretizar, então que descalce a
bota em vez de deixar os outros debaixo de fogo, isto ainda por cima numa
altura em que se diz que ele está de saída do comando do Hóquei leonino
onde fez um grande trabalho. Era bom que saísse de cabeça levantada.

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