Ainda o cashball

O processo cashball teve mais um capítulo com o tribunal a pronunciar para julgamento os três acusados que restaram desde que este escândalo rebentou em 2018. Paulo Silva, o denunciante, o empresário João Gonçalves e o ex funcionário do Sporting, Gonçalo Rodrigues, são acusados de corrupção ativa, por alegadamente terem abordado o futebolista Leandro Freire e dois árbitros de andebol, no sentido destes favorecerem o Sporting.

Este é um dos episódios mais tristes da história do Sporting, mesmo que o Clube e os seus dirigentes da altura não tenham sido pronunciados, devido a "vazio probatório" e "insuficiência de indícios", mas a verdade é que ninguém com dois dedos de testa acredita que estes três indivíduos andassem a tentar corromper jogadores e árbitros por sua conta e risco, pelo que se os crimes em causa forem comprovados será sempre uma nódoa para o Sporting e independentemente do desfecho final deste caso, as marcas da suspeição vão ficar para sempre impregnadas na bandeira verde e branca.

Há no entanto algumas questões por deslindar neste imbróglio, em primeiro lugar no que diz respeito às motivações para a autodenuncia de Paulo Silva, que recorde-se também estará acusado de simulação de crime, pelo que a sua credibilidade é igual a zero, ele que já acusou a cmtv de não lhe ter pago as verbas prometidas em troca das declarações que fez naquele canal, que como todos se recordarão liderava na altura a campanha anti Bruno de Carvalho.

Apesar de tudo isto poder cheirar a esturro, a verdade é que o tribunal considerou haver indícios suficientes para avançar com a acusação afirmando ser 


legítimo inferir, suspeitar e aceitar como verosímil que o arguido Paulo Silva tentou aliciar, mediante contrapartida financeira, atores do fenómeno desportivo, a fim de favorecerem o SCP. 

e que

De igual modo, é possível inferir desses indícios probatórios que os co-arguidos João Gonçalves e Gonçalo Rodrigues atuaram concertadamente com o referido arguido, no sentido de o SCP ser favorecido em certos e determinados jogos. 

Ou seja, mesmo que haja indiscutivelmente mãos sujas por de trás disto tudo, também podem ter existido comportamentos intoleráveis e vergonhosos da parte dos responsáveis do Sporting na altura, o que por mais que isso me custe já nem me espantaria, atendendo ao descontrolo demonstrado por Bruno de Carvalho no período final do seu mandato, isto sem esquecer o facto de André Geraldes se ter calado bem caladinho depois de se ver livre das acusações que lhe foram imputadas e do Sporting continuar a tratar com pinças este lamentável processo, no qual se constituiu como assistente. 

É pois com grande expetativa e alguma apreensão que aguardo pela postura que os acusados irão adotar durante o julgamento, nomeadamente em relação ao reconhecimento, ou não, dos crimes praticados e também no que diz respeito a quem irão imputar a autoria do plano, se chegarmos a esse ponto.






Comentários