A hora de unir e pacificar

A contratação de Rúben Amorim em Março de 2020 foi uma jogada arriscada de Frederico Varandas, na altura apelidada de tudo e mais alguma coisa, desde "loucura", "disparate", "all in" ou "suicídio", mas na verdade foi um tiro em cheio na mouche, que já resultou na conquista de um Campeonato e três Taças, dois apuramentos para a Liga dos Campeões e na valorização de vários jogadores até aí quase desconhecidos, o que permitiu ao Sporting reassumir a sua posição de grande do futebol português e ir reequilibrando as contas, isto numa altura em que depois da passagem do "Furacão Bruno" que culminou no ataque a Alcochete, o Clube parecia condenado a atrasar-se definitivamente em relação aos seus dois grandes rivais.

Ninguém tem duvidas de que foi esta jogada arriscada que salvou Frederico Varandas quando a contestação já não vinha só dos "brunecos" e dos "claqueiros", pelo que a importância de Rúben Amorim no projeto atual do futebol leonino é tal que não haverá nenhum Sportinguista que se preze que não deseje a sua continuidade no Clube, da mesma forma que por razões opostas há quem o queira ver longe de Alvalade o mais depressa que for possível.

Ia o Sporting de vento em popa a caminho de um título que já lhe fugia há 19 anos, quando os comentadores e jornaleiros do costume, começaram a garantir que o treinador leonino não iria resistir ao apelo do dinheiro e no final da época seguiria para o estrangeiro. No entanto mal Rúben Amorim percebeu a jogada, cortou-lhes logo as vazas garantindo que independentemente do que viesse a acontecer seria o treinador do Sporting na época de 2021/22.

A nova temporada não foi tão produtiva como a anterior, mas segundo Rúben Amorim o Sporting até cresceu em termos de qualidade de jogo, uma opinião com a qual eu estou de acordo, pois a equipa está mais segura, equilibrada e personalizada, mesmo que um ou outro jogador tenha baixado de rendimento e se os resultados não foram melhores, foi principalmente porque o FC Porto fez um trajeto quase sem falhas e também porque em certos momentos faltou a tal "estrelinha" de que tantas vezes Rúben Amorim falou na temporada anterior.

Chegados aqui abriu-se finalmente uma brecha numa fortaleza que levou dois anos a construir, com o "caso Slimani" a rebentar precisamente na altura em que o Sporting perdeu dois jogos decisivos com os seus grandes rivais, oportunidade única para aqueles que desejam o regresso do Clube a um passado recente, atacarem aquele que é o principal pilar de uma estrutura de sucesso inegável.

De um lado está o FC Porto de Pinto da Costa, que com o Benfica enredado nas trapalhadas deixadas por Vieira, já percebeu onde está o perigo, pelo que se entendem os elogios a Bruno de Carvalho e a ânsia dos "pintos"  das "cmtvs" em insistir que o avançado argelino foi imposto pelo Presidente ao treinador, ou em descobrir que os adeptos não gostam deste, ou daquele jogador, principalmente dos que foram exigidos por Amorim.   

Do outro lado estão alguns "sportinguistas" que se movem acima de tudo pelo ódio a Varandas, pelo que veem na saída de Rúben Amorim o caminho mais curto para o regresso de um Sporting com que eles sonham e que só existiu durante 5 anos. São esses adeptos que estranhamente alimentam os que por natureza desejam o mal do Sporting, pois eles próprios anseiam pelas derrotas do Clube de que dizem gostar, só para demonstrarem que o Presidente que odeiam é um incompetente, que num dia de sorte contratou um grande treinador, mas quando este sair o Sporting voltará a cair em desgraça. É o tal clube autofágico de que há muito se fala.

Em Fevereiro de 2018 o anterior Presidente do Sporting Clube de Portugal fez aprovar um Regulamento Disciplinar que visava essencialmente calar, ou mesmo expulsar, os 10% dos sócios que na altura não o suportavam. Hoje julgo não estar muito longe da realidade se disser que os "claqueiros" e os "brunecos" não representam mais do que 10% do universo de adeptos leoninos e, mesmo que eu não defenda que o tal Regulamento Disciplinar deva ser utilizado para fazer uma limpeza étnica, como Bruno de Carvalho parecia querer fazer quando pedia um exército de Leões atrás dele e apelidava de "sportingados" os que não se derretiam perante os seus encantos, parece-me fundamental resolver o problema das claques que continuam a causar prejuízos, não só financeiros, mas também reputacionais ao Clube e fazer um esforço para demonstrar aos Sportinguistas que fazer o jogo dos nossos rivais é tudo menos Sportinguismo.

Cabe à Direção dar esses passos, mas se mesmo assim houver que persista em prejudicar o Clube, então haverá pouco a fazer que não seja entregar à justiça o que for do âmbito da mesma e dar como perdidas as ovelhas tresmalhadas, mas está na hora de tentar unir e pacificar.                                         

 

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