Pouco futebol

Aquele que era considerado o jogo do título teve pouco futebol e pouco de futebol. Julgo que terá sido à volta de 40% de tempo útil de jogo dos mais de 100 minutos que decorrerem entre os quatro apitos que definiram o início e o fim de ambas as partes, onde imperaram os nervos e os números de circo, em vez de futebol propriamente dito.

Os grandes culpados foram os jogadores que passam a vida a tentar sacar cartões e faltas aos adversários com simulações, gritos e palhaçadas, sendo que nesta matéria não me refiro apenas aos do Porto, mesmo que o Taremi seja o jogador mais desonesto e aldrabão que eu algum dia vi.

Estranho pois não ver o nome do iraniano no topo do rol dos culpados, pois afinal foi ele que enganou o árbitro e toda a gente, invertendo o ónus do castigo numa infração por ele cometida e cuja punição recaiu sobre o Sebastián Coates, o que viria a ter um peso decisivo no decorrer do jogo.

De resto o jogo acabou quando o Sebastián Coates foi expulso, pois a partir daí o Sporting fechou-se lá atrás, pronto para sofrer na defesa de uma vantagem ganha com inteiro mérito, mesmo que tenha tido a felicidade de marcar quando o Porto estava a carregar forte sobre a baliza de António Adán, o que foi um grande soco no estômago dos portistas e trouxe aos Leões aquela tranquilidade e confiança que estava a faltar, embora também seja verdade que o golo de Vieira surgiu no momento certo para evitar um KO que estava à vista, deixando tudo em aberto para uma 2ª parte que teve pouco futebol pelos motivos atrás referidos.

Quanto ao que se passou no fim, foi muito feio e aqui tenho de dar inteira razão ao Presidente do Sporting, exceto no que diz respeito às criticas ao árbitro, que foi mais vítima do que culpado, embora tenha mostrado aqui e ali alguma permeabilidade ao clima de intimidação que se vivia no Dragão, mas convenhamos que não é fácil arbitrar naquele ambiente e que os jogadores não ajudaram nada.

Mesmo assim tenho de elogiar Frederico Varandas  pela coragem que teve em pôr os pontos nos ii num lugar onde todos tem medo de falar. O que se passa há anos no Porto é uma vergonha e ninguém faz nada, antes pelo contrário, os politiqueiros sentam-se alegremente ao lado do "papa" e beijam-lhe a mão, honrosa exceção feita a Rui Rio, que nem que seja por isso merece a minha vénia. 

O método utilizado é sempre o mesmo. Durante a semana alimenta-se o ódio contra os papões do centralismo lisboeta, garantindo que as bancadas vão estar a ferver. Depois colocam-se os capangas à volta do campo e nos bastidores para provocar e insultar, criando um ambiente de intimidação e enorme pressão sobre os árbitros e adversários. Depois os jogadores sentem as costas quentes e é só esperar que a coisa aqueça e que o fogo pegue.

O que vimos ontem foi mais um de muitos episódios desta saga que já tem décadas. Só foi pena que alguns jogadores do Sporting tenham mordido o isco. Agora resta aguardar pelos castigos e realmente estou para ver se há mão pesada e coragem, mas deste conselho de disciplina não podemos esperar grandes cometimentos principalmente quando se trata do Sporting, pelo que não me admiro nada que haja dois pesos e duas medidas.

Quanto ao campeonato, não ficou decidido, mas ficou muito complicado. No entanto uma coisa é certa, temos uma equipa na verdadeira aceção da palavra, coisa que eu já não via há muitos anos, pois a verdade é que normalmente não conseguíamos sobreviver num ambiente como o que se viveu 6ª feira no Dragão.


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