O rei santo Ricardo Oliveira

Ricardo Oliveira candidatou-se à Presidência do Sporting Clube de Portugal apresentando-se como um gestor credenciado, ambicioso e ponderado, que tem no seu currículo a criação da Federação Portuguesa de Padel de que é Presidente. Logo à partida a sua lista tem alguns nomes tóxicos como o político Miguel Frasquilho que fez parte das listas de José Maria Ricciardi nas últimas eleições, ou Mário Patrício que esteve ligado às modalidades nas gerências de Soares Franco e José Eduardo Bettencourt e foi o nº 2 da lista de José Couceiro nas eleições de 2013, isto sem esquecer o eterno Dias Ferreira, que surge como uma espécie de membro único de uma imaginária comissão de honra.

Numa das suas primeiras intervenções públicas Ricardo Oliveira começou logo por dizer que o Sporting não podia estar dependente de um treinador, quase parecendo desejar a saída de Rúben Amorim, que na sua opinião tinha de ser preparada de tal forma que perguntou "o que vamos fazer a seguir ao Amorim?", quando nesta altura é evidente que a prioridade terá de passar pela criação de condições para que o treinador fique mais um ano, dois, três ou quatro, o que for possível. De resto ontem ele deu uma entrevista a um poscast onde tentou emendar a mão, mas pelo meio continua a puxar o nome de Antero Henriques para o barulho, isto sem que ninguém seja capaz de lhe explicar que se o cunhado de Rúben Amorim tem ajudado de alguma forma o Sporting, só temos é que não meter grãos de areia numa engrenagem que está a funcionar bem.

Quanto ao programa da Lista B, é uma das coisas mais infantis que eu já vi, começando pela promessa de um empréstimo de 150 a 200 milhões € a juros baixos conseguido junto de um parceiro imaginário, que assim financiará a recompra das vmoc's por 40 milhões, aceitando receber como pagamento 25% das ações da SAD por 100 milhões. Ou seja a dívida fica em metade e ainda restam 160 milhões para investir. Um verdadeiro milagre das rosas.

Como se tal não bastasse ainda planeia finalmente conseguir pôr de pé a Cidade do Desporto do Sporting, um projeto de que já se fala há quase 70 anos e que segundo ele não será um custo, mas sim um investimento que se pagará por ele próprio, bem ao estilo do Projeto Roquete que teve os resultados que teve.

Para concluir ainda promete modernizar o Sporting em termos informáticos e comerciais, sempre norteado pela máxima da aposta no investimento, como se estivéssemos a nadar em dinheiro e tudo isto sem nunca explicar onde está a tal instituição de crédito que vai financiar estes investimentos, nem as condições desse financiamento, pelo que só mesmo quem ainda acredita no Pai Natal é que pode ir nesta conversa.

Sobre o Futebol e para além do ziguezague em relação a Rúben Amorim, Ricardo Oliveira diz que vai ter um Diretor Desportivo que terá a responsabilidade de gerir o sector fundamental do Clube de forma profissional, isto depois de criticar o que esta Direção fez antes da contratação do atual treinador, mas logo a seguir deixa no ar a hipótese de Hugo Viana continuar no desempenho das atuais funções e no fim até já diz que não há nada de errado na relação de Rúben Amorim com o seu cunhado, para depois afirmar que no mundo do desporto não é possível ganhar de um dia para o outro, o que não deixa de ser um enorme contrassenso para quem tanto critica os primeiros dois anos da gerência de Frederico Varandas. 

No seu programa consta também a intensão de propor a reintegração dos sócios que tenham sido expulsos, num claro piscar de olhos aos apoiantes de Bruno de Carvalho, o que não é mais do que estar a coçar numa ferida que ainda não sarou, o que nada pode trazer de bom para o Sporting, pois essa é uma página que temos de virar. De resto, a reintegração dos sócios nas referidas condições está prevista nos Estatutos e foi de acordo com esses mesmos Estatutos que eles foram expulsos pelos sócios, uma decisão que deve ser respeitada, sob pena de andarmos o resto da vida a discutir assuntos menores em Assembleias Gerais. Ponto. 

Sinceramente não percebi bem qual o objetivo desta candidatura, que não me parece ser representativa da ala mais conservadora do Sporting, nem trás nenhuma novidade, pelo que no máximo poderá ser uma espécie de cartão de visita de Ricardo Oliveira a pensar no futuro, mas que sendo assim não lhe está sair nada bem. Enfim, um mar de incoerências e utopias, numa candidatura feita em cima do joelho, por quem sabe que não conta para o totobola, pelo que vaticino que nem aos 10% vai chegar. 



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