O debate


Assisti com atenção ao debate de ontem na Sporting TV, o qual facilmente poderá ser resumido com análise à abordagem feita pelos três candidatos a uma das questões prioritárias da gerência que se avizinha e sobre a qual todos estão de acordo: a recompra das famosas vmoc's.

Em relação a esse assunto Frederico Varandas escudou-se em questões legais e de sigilo inerentes à sua condição de Presidente em funções, para evitar dar grandes explicações, mas mesmo assim garantiu que o Sporting irá recomprar as vmoc's num processo que disse estar em fase de conclusão e sobre o qual prometeu excelentes notícias para breve. Sendo assim ficaram por saber quais as condições em que será feito esse negócio, pelo que só nos resta confiar, ou não.

Já Ricardo Oliveira garantiu que antes do dia 5 de Março irá apresentar os investidores que lhe irão adiantar 200 milhões €, o que segundo ele só será possível graças à sua credibilidade na praça, e com os quais irá recomprar as vmoc's e pagar a dívida. Resta-nos acreditar, ou não.

Finalmente Nuno Sousa quando questionado sobre qual o seu plano para a recompra das vmoc's respondeu que Frederico Varandas tinha prometido concretizar esse objetivo no seu programa eleitoral de 2018 e não tinha cumprido, nem essa, nem muitas outras promessas.

De resto o discurso do candidato da Lista C limitou-se a um nome repetido incessantemente: Varandas, Varandas, Varandas, de tal forma que cabendo-lhe encerrar o debate com o tradicional apelo ao voto na sua lista, teve de ser o moderador a perguntar-lhe se não queria fazer esse apelo antes de terminar o seu tempo, pois o homem continuava a reprtir sempre a mesma coisa: Varandas não fez, Varandas não cumpriu, Varandas isto, Varandas aquilo.

Basicamente tivemos um candidato que se limitou a criticar tudo e mais alguma coisa, pelo que o efeito das críticas que até fazem sentido acabou por se perder no meio dos "Vinagres desta vida", das conversas escutadas entre Viana e Mendes, das senhoras a jogar de salto alto em Alvalade, ou daquela comparação sempre repetida entre a compra de uma casa e a compra de 50% de passes de futebolistas.

Está pois apresentado o candidato "brunista", bem ao estilo da seita que espalha ódio por essa internet fora, o que de resto até foi visível na sua expressão facial sempre que conseguia meter uma daquelas farpas que tinha ensaiadas. No fim restou a novidade de Augusto Inácio como seu assessor para os assuntos do Futebol.

Ricardo Oliveira pelo contrário apresentou-se como um homem da paz, mas do alto da sua superior sapiência em assuntos financeiros e assim voltámos àquela lenga lenga da credibilidade, porque parece que os investidores, ou financiadores, tomam as suas decisões apenas porque confiam nas pessoas que pontualmente gerem as instituições com quem estão negociar. 

Mesmo assim a verdade é que o homem tem a sua ideia para o Clube e por mais megalómana que ela pareça, ele apresentou-a e defendeu-a, mesmo que eu pense que a sua intensão é apenas dar-se a conhecer e perfilhar-se para o futuro.

Quanto a Frederico Varandas, está um pouco melhor em termos de comunicação e só se atrapalhou no momento da declaração final. No resto puxou os galões do inequívoco sucesso desportivo do seu mandato, defendeu-se como pode em relação às dificuldades financeiras e fugiu às questões mais incómodas, até porque o bombardeamento foi de tal forma disperso, que lhe permitiu responder apenas àquilo que quis. 

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