Contas outra vez chumbadas

Os Relatórios Contas das últimas duas épocas e o orçamento para a próxima, foram chumbados pelos sócios do Sporting Clube de Portugal, o que no que diz respeito ao da época 2019/20 acontece pela segunda vez.

O chumbo de há um ano atrás não foi surpreendente, pois o Clube vivia na ressaca de uma época desportiva muito má, pelo que o descontentamento não se resumia aos dois grupos organizados de oposição, mas desta vez em termos desportivos o Sporting está a viver o melhor ano da sua história e até ganhou o tão desejado Campeonato Nacional de Futebol, um milagre com o nome de Amorim, pelo que até se poderia esperar um resultado diferente.

Para além disso foi apresentado um saldo positivo de 135 mil Euros, resultantes de um recorde de quotização que atingiu os 9 milhões de Euros e de uma diminuição do lado dos custos, embora o passivo e a dívida tenham continuado a aumentar, mas a verdade é que poucos foram os que se deram ao trabalho de olhar para os documentos que estavam em causa. As motivações para o voto contra foram claramente outras.

Estranhamente Rogério Alves e cia resolveram marcar esta Assembleia Geral para um quinta feira e não houve nenhum esforço no sentido de apelar à presença dos sócios, ou de demonstrar a importância que teria a aprovação das contas, não sei se por confiarem que os resultados desportivos seriam suficientes para acalmar os contestatários, ou se pura e simplesmente deixaram andar porque não se estão para chatear muito.

A verdade é que em vez dos mais de 3 mil sócios que marcaram presença em 2020, agora tivemos apenas cerca de 750 presenças, sabendo-se que da parte das claques e dos indefetíveis de Bruno de Carvalho, há sempre uma grande militância e que muita gente tem algum receio destes grupos de valentões, que insultam, ameaçam e se for preciso até agridem quem deles se atrever a discordar, pelo que o resultado foi mais um chumbo desta vez com à volta dos 60% de votos contra, o que não deixa de ser um cartão amarelo, mesmo que Frederico Varandas se queixe de uma minoria de bloqueio, que todos sabem que existe, embora o Presidente nada tenha feito para arregimentar quem ficou em casa, nem para explicar o que estava em causa, ou defender as contas apresentadas.

Agora há dois caminhos: ou esta Direção encolhe os ombros e vai até ao fim no regime de duodécimos, ou resolve tirar ilações politicas destes resultados e avança para eleições antecipadas. Na minha opinião e atendendo a que nesta época a agitação resultante de um processo eleitoral é inevitável, eu preferia que isso não fosse deixado para a altura das grandes decisões desportivamente falando, pelo que marcar as eleições para Novembro talvez seja a melhor solução, mesmo numa perspetiva da quem quer ser reeleito, pois dificilmente esta época será tão boa como a anterior, e assim sendo, de um lado evita-se o desgaste acumulado e por outro, arranca-se para a fase decisiva da época com alguma tranquilidade.

No fim Frederico Varandas referiu com alguma razão que esta é uma boa altura para a massa associativa do Sporting refletir naquilo que quer para o futuro do Sporting, mas também me parece ser o momento certo para ele e a sua Direção perceberem onde é que falharam na mensagem e na relação com os sócios que não reveem em grupos barulhentos, que se movem por interesses de quem se andou governar à custa do Clube, ou por um estranho estado de hipnose gerado por um líder que se revelou num dos maiores embustes da história do Sporting.

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