O dia em que o futebol foi justo

Rúben Amorim é um homem de convicções fortes e já tinha avisado que o rumo do Sporting se iria manter. É verdade que a equipa no início da época deu sinais de alguma evolução e mostrou estar mais confiante, o que é normal depois de uma época de grande sucesso, mas as debilidades do plantel leonino continuam lá, pelo que temos de nos dar por felizes enquanto a equipa for repetindo o que fez na época passada.

Sexta-feira frente ao Marítimo o Sporting sofreu para ganhar, mas acreditou até ao fim, isto num daqueles jogos onde a bola parecia que não queria entrar e perante um adversário que praticamente não saiu do seu meio campo e que aos 15 minutos de jogo já estava a queimar tempo.

Este de resto é um velho problema do futebol português, o que me leva mais uma vez a levantar a questão da necessidade urgente de se alterar a forma de cronometrar os jogos, pois os tempos adicionais não podem continuar nas mãos dos árbitros, que por vezes tem opções inexplicáveis, como por exemplo no último Sporting-Porto em que o cronometrista de serviço deu 5 minutos na 1ª parte quando o Sporting estava a ganhar, para na 2ª, numa altura em que o Porto estava com menos um jogador e em que tinham acontecido várias interrupções e substituições, dar apenas 4 minutos.

Neste jogo o Pinheiro deu 7 minutos e foi nesse período que o Marítimo sofreu o justo castigo e que viu o seu guarda redes a levar o segundo amarelo, depois de ver o primeiro por estar a queimar tempo. Desta vez o crime não compensou, mas nem sempre é assim , pelo que na minha opinião se devia pensar seriamente em estudar a possibilidade de os empates a zero passaram a não valer pontos. Era uma boa forma de acabar com jogos onde temos equipas que defendem desde o primeiro minuto com 9 ou 10 jogadores à frente das suas balizas e que praticamente não atacam.

Foi assim nesta partida em que o Marítimo em mais de 100 minutos de jogo só entrou 8 vezes na área do Sporting e apenas fez 4 remates á baliza de António Adán, nenhum enquadrado, sendo que só um deles teve relativo perigo, embora o impagável narrador da SportTV se tenha fartado de dizer que tinha sido uma grande oportunidade de golo, isto sem esquecer que a posse de bola andou sempre à volta dos 70% para 30% e que provavelmente nem uma hora de tempo útil de jogo tivemos. Enfim, é caso para dizer que este treinador espanhol já pode ser naturalizado português.

No final Rúben Amorim como de costume esteve brilhante, dizendo tudo o que havia para dizer sobre o anti-jogo e até chamando a atenção para o facto do treinador adversário ter aproveitado as constantes paragens para dar instruções, mas concluindo e bem, que no final o futebol foi justo e ganhou quem tinha de ganhar.

Apesar de tudo isto o treinador leonino não deixou de reconhecer as dificuldades que a equipa teve em termos de finalização, pois já se sabe que Paulinho dá muitas coisas à equipa mas nunca foi propriamente um goleador, ao mesmo tempo que também já se percebeu que Nuno Santos não consegue passar a bola à baliza da mesma forma que Pedro Gonçalves o faz e que Pablo Sarabia ainda não está bem entrosado com a equipa.

Outra coisa que foi visível neste jogo e que Rúben Amorim também soube reconhecer, foi a intranquilidade de Ruben Vinagre, que pareceu bastante afetado pelo baile que levou no jogo do Ajax. A bola parece que queima, mas é como o treinador disse, o jogador já mostrou que pode fazer aquele lugar, tem é de perceber que que aquela quarta-feira europeia já passou e agora é seguir em frente. Ele e toda equipa, e é já amanhã em Dortmund.

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