Ainda falta muita coisa

Como de costume no final do jogo de ontem Rúben Amorim  explicou com precisão o que se tinha passado, ao afirmar que o Sporting ainda tinha um longo caminho a percorrer para estar ao nível de uma competição como a Liga dos Campeões, porque de facto ainda falta muita coisa para se chegar lá.

Em Dortmund faltou experiência, intensidade e andamento. Os jogadores do Sporting estão habituados ao futebolzinho português, onde ao mínimo contacto os árbitros marcam falta e chovem cartões amarelos por tudo e por nada, por isso os nossos jogadores passam a vida a atirarem-se para o chão e ontem enquanto os alemães entravam com as três pernas se fosse preciso, os portugueses encolhiam-se com medo do apito e dos cartões a que estão habituados, e que resultam numa média superior a 40 faltas por jogo, enquanto na Europa a coisa fica por metade, pelo que se joga mais e a um ritmo muito superior.

Mas esse é um problema antigo que só se resolve quando os treinadores portugueses puserem de lado os ferrolhos e o anti-jogo, os árbitros deixarem jogar e os jogadores passaram a ser mais honestos. Até lá  vamos continuar a queixar-nos da falta de intensidade das nossas equipas quando jogam na Europa.

Mas diga-se a verdade que em Dortmund também faltou alguma qualidade a este Sporting e voltou a faltar Sebastián Coates, pois por estranho que pareça foi o Capitão quem mais tremeu, com alívios disparatados e principalmente uma má leitura na jogada do golo, onde se desposicionou e depois já não foi a tempo de evitar o remate de Malen.

Foi aqui também que esteve a diferença, pois o Sporting até teve mais oportunidades de alvejar a baliza adversária do que o Borussia, mas nestes jogos onde o rival é superior e tem mais bola, é preciso ser
eficaz quando se chega lá à frente. Não há muito tempo para pensar, nem para rodriguinhos, coisa que principalmente o Paulinho não percebeu. Faltou Pedro Gonçalves, que é quem mais percebe de golos neste plantel muito curto.

Diga-se que nem tudo foi mau, e a linha defensiva funcionou quase na perfeição, mas jogar assim na Liga dos campeões é jogar no fio da navalha e às vezes pode dar para o torto, como deu com o Ajax, embora como Rúben Amorim disse e muito bem, esse foi um daqueles jogos em que tudo correu mal e que deixou marcas, daí que o treinador agora também só tenha arriscado um bocadinho mais, bem perto do fim. 

Mas pronto, a equipa foi corajosa, não abdicou dos seus princípios de jogo e fez o que pôde perante um adversário mais forte, mas faltou-lhe intensidade, qualidade e alguma tranquilidade. É preciso tempo e trabalho.

Uma nota também muito positiva para os Sportinguistas que estiveram em Dortmund. Parece que pelo menos nos estádios a falange de apoio leonina já percebeu que  a sua função é apoiar. Aparentemente todos os idiotas que se dizem sportinguistas juntaram-se num pequeno cantinho da internet, onde felizmente pouca gente dá por eles.

Depois destas duas derrotas seguem-se os confrontos com o Besiktas, que agora são uma espécie de eliminatória de apuramento para a Liga Europa e também um verdadeiro teste ao crescimento deste Sporting. Mas antes, em Arouca, voltamos aos jogos das 40 ou 50 faltas e dos campos geralmente inclinados.

Comentários