O novo normal

 


Tal como eu tinha escrito aqui na semana passada, este jogo da Pedreira adquirira um carácter quase decisivo para o Sporting, que perdendo mais pontos dificilmente aguentaria a pressão do fim do campeonato, mas ganhando recebia um importante balão de oxigénio numa altura em que a equipa começava a ter falta de ar.

Mais uma vez ficou evidente que no futebol a lógica não conta para nada e esta vitória do Sporting foi ainda mais saborosa do que se poderia esperar, pela forma épica como foi conseguida com a equipa a jogar quase 80 minutos com menos um elemento, nunca se desorganizando e resistindo de forma estoica para desferir o golpe fatal no momento certo. Melhor cenário seria impossível.

Este jogo ficou marcado pela expulsão de Gonçalo Inácio aos 18m, uma decisão que pode ser defendida ao abrigo da norma que refere a interrupção irregular de uma jogada prometedora, mas também poderá ser contestada pelos defensores da chamada "lei do bom senso", pois tratou-se apenas de um empurrão que poderia perfeitamente ter passado sem aquele rigoroso segundo amarelo. Um rigor que de resto se voltou a sentir quando o árbitro decidiu que o guarda redes não pode deixar um defesa marcar o pontapé de baliza, ou até fora do campo onde um zeloso policia descobriu que o treinador do Sporting era a única pessoa sem mascara naquele estádio.

Mas voltando a bendita expulsão, poucos serão aqueles que duvidam que se em vez de um miúdo de 19 anos vestido de verde e branco, o jogador em causa fosse um Pepe ou, um Otamendi, a coisa teria ficado mesmo assim e eu até vou mais longe dizendo que bastava que tivesse sido do outro lado do campo.

Soares Dias decidiu como entendeu e o Sporting foi obrigado a jogar à pequena portuguesa, com 9 homens a defender a sua área e ao contrário do que quase todos esperariam a equipa nunca se desuniu, ou atemorizou, nem mesmo na 1ª parte em que Rúben Amorim optou por não fazer as substituições que se exigiam, limitando-se a ajustar o posicionamento dos jogadores que ficaram em campo, esperando pelo intervalo para fazer os reajustes necessários.

Foi preciso saber sofrer é verdade, mas poucas foram as vezes em que o Braga conseguiu ultrapassar o comandante Sebastián Coates e seus companheiros e mesmo quando tal aconteceu António Adán esteve lá para resolver e no fim o merecido bilhete premiado saiu a Matheus Nunes.

Com se tudo isto não bastasse o FC Porto tropeçou ontem em Moreira de Cónegos, precisamente no estádio onde o campeonato parecia ter mudado de rumo, o que de resto era uma convicção assumida pelo próprio Pinto da Costa que não hesitou em anunciar a renovação do título se tudo fosse "normal", mas a coisa não lhes correu de feição e no fim para não variar eles queriam bater em toda a gente e parece que até bateram.

É verdade que depois desta jornada o Sporting passou a ter maior margem de erro, mas isto ainda não acabou pelo que o foco terá mesmo de ser o jogo com o Nacional, porque não serve de nada ganhar na Pedreira para depois desperdiçar pontos com os pequenos em Alvalade. Concentração e a mesma atitude de sempre, é só isso que se pede.


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