Adán no meio dos aflitos


O jogo de Faro foi marcado por algumas particularidades, logo a começar pela surpreendente postura descarada da equipa da casa, que entrou a pressionar alto jogando sem medo, nem ferrolhos, o que em contrapartida permitiu ao Sporting ter mais espaço do que é habitual com as ditas equipas pequenas.

Mas na verdade este foi um jogo em que o Sporting nunca conseguiu estar claramente por cima, ou sequer controlá-lo, dada a irreverência e a garra do Farense, embora depois do golo tenha havido um período em que os Leões poderiam e deveriam ter arrumado a questão, mas se o golo resultou da superior qualidade de Pedro Gonçalves, o 2-0 só não apareceu porque Paulinho parece estar a acusar o peso de ser o jogador mais caro da história do Sporting. Um ponta de lança de um clube grande não pode enjeitar responsabilidades na hora do remate e foi isso que aconteceu pelo menos duas vezes, até que à terceira Paulinho finalmente rematou, mas Beto defendeu com alguma sorte.

Assim à medida que o tempo ia passando, a ansiedade e o nervosismo iam-se apoderando da equipa que passou a jogar no fio da navalha sem necessidade nenhuma, valendo então um super  António Adán quando o fantasma do empate pairava no São Luís, onde todos tremeram menos o guardião espanhol.

Quanto ao resto, Rúben Amorim voltou ao 3x5x2 com João Mário numa posição híbrida variando entre a meia esquerda e o miolo e Pedro Gonçalves mais à frente, o que trouxe notórias vantagens para a equipa, mas pareceu-me que as substituições foram tardias, pois atendendo a que o Farense se atirou para a frente sem medo, era evidente que jogadores mais velozes poderiam aproveitar os espaços concedidos, só que a entrada de Tiago Tomás e Nuno Santos também acabou por não acrescentar grande coisa, numa altura em que era manifesta a falta de calma e de discernimento dos homens mais recuados a quem cabia servir os avançados.

Foi pois com visível alívio que o jogo chegou ao fim com mais uma vitória magra e sofrida, tal como outras a que esta equipa já nos habituou, mas que teve a importância de interromper aquilo que poderia transformar-se numa serie decisiva para a anunciada queda deste surpreendente Sporting, que teima em resistir contra tudo e contra todos

Há apenas a acrescentar uma palavra elogiosa para os árbitros porque desta vez eles merecem, quer os ficais de linha que não falharam um único fora de jogo, e houve vários lances complicados, mas também para Hugo Miguel que não foi na conversa dos avançados do Farense que tentaram várias vezes mergulhar dentro da área e até para o VAR que é um dos piores árbitros que eu já vi, mas que não se meteu em caminhos apertados naquele que foi o lance mais discutível, onde apesar de Nuno Mendes ter tocado de raspão no pé de Tavares, a verdade é que o jogador do Farense deu um belo mergulho para a piscina, digno de nota máxima se a modalidade fosse saltos para a água.

Ultrapassado este importante obstáculo, agora a grande tarefa de Rúben Amorim será tranquilizar a sua equipa para o jogo que se segue perante um Belenenses SAD que deu muito trabalho na 1ª volta, porque logo a seguir vamos à Pedreira, mas isto tem de ser jogo a jogo e vai seguramente ser sempre a sofrer. 

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