Sem Coates, mas com Inácio


O jogo com o Vit. Guimarães ficou assinalado por duas alterações forçadas no onze, a primeira resultante da ausência do castigado Sebastián Coates, um jogador que tem sido fundamental nesta equipa, mas que Gonçalo Inácio se encarregou de substituir com distinção, inclusivamente no momento de marcar o golo decisivo. De resto, apenas num ou noutro cruzamento para a área do Sporting, é que eu me lembrei do Capitão.

A segunda foi solucionada com a surpreendente titularidade de Daniel Bragança que significou uma alteração no esquema da equipa, que pela primeira vez se apresentou com apenas dois homens na frente, uma solução que até aqui apenas tinha sido utilizada de uma forma muito pontual, mas que eu já tinha referido que poderia ser uma boa opção em determinadas situações.

O que eu não esperava era que Rúben Amorim fizesse esta mudança logo no início de um jogo, ainda por cima em casa, mas na verdade a coisa até resultou bem e o Sporting fez uma boa 1ª parte, onde poderia e deveria ter arrumado a questão, com Daniel Bragança e João Mário a aparecerem muitas vezes perto da dupla de avançados, isto apesar daqueles dois minutos de desconcentração onde a barra nos salvou de um aperto desnecessário, naquilo que foi mais uma anormalidade, tendo em conta o historial de fatalidades a que o Sporting nos habituou, mas que nesta época tem sido substituídas por intrigantes momentos de sorte.

A 2ª parte não foi tão boa quanto a 1ª, mas mesmo assim foi melhor do que outros períodos em que o Sporting em vantagem não consegue ser uma equipa mandona que vai para cima dos seus adversários à procura de aumentar o marcador e de matar os jogos, obrigando-nos a sofrer até ao fim, apesar da habitual segurança defensiva desta equipa nos dar algumas garantias, mesmo num jogo em que no banco esteja um juvenil que até teve direito a 10 minutos em campo.

O percurso de Dário Essugo mostra-nos um jovem com muito futuro, mas não deixou de ser um enorme risco utilizar um jogador que está sem competição há um ano, o que me leva a acreditar que Rúben Amorim terá visto algo de muito especial mesmo neste menino de 16 anos, da mesma forma que descobriu um Gonçalo Inácio em que só Bruno Fernandes tinha reparado e um Tiago Tomás que por mais que se esfole continua a não convencer muita gente. Melhor mesmo só o alerta que o treinador fez no final do jogo para os miúdos que tenham dúvidas no momento de escolher o clube para onde vão, no sentido de que percebam que no Sporting terão sempre uma porta aberta para a equipa principal. Amorim pode não ter o tal nível 4 para ser treinador principal, mas é mestre no campo, no banco e na palavra.

Assim chegámos à Páscoa com 10 pontos de vantagem sobre o FC Porto que nesta altura é o principal adversário, pelo que o mês de Abril poderá ser esclarecedor com cinco jornadas que para o Sporting culminam na deslocação à Pedreira, enquanto os portistas terão pelo meio os desgastantes jogos da Liga dos Campeões. Até ao fim de semana da revolução dos cravos terá de ser não jogo a jogo, mas sim dia a dia, com muita garra e concentração porque as armadilhas vão continuar a aparecer-nos pelo caminho, numa altura em que vai valer tudo pelos milhões da Europa dos ricos.

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