As aberrações do futebol português


O "caso Palhinha" continua  a dar que falar pelas piores razões e promete arrastar-se por muito tempo, trazendo à tona aquilo que de pior há no futebol português e neste caso até na muito maltratada justiça do nosso País.

De todos os envolvidos apenas o jogador está isento de qualquer culpa, pois nem falta fez pelo que o cartão amarelo que viu foi uma precipitação do árbitro que apesar de estar muito pressionado pela campanha de um clube habituado a manobrar nos bastidores, pelo menos teve a hombridade de reconhecer o erro que cometeu.

Apesar de tudo isto, este Concelho de Disciplina (CD) resolveu punir o jogador ao abrigo de uma defesa cega daquilo que se passou no campo, o que na prática não foi mais do que impor um castigo a um inocente, que já fora injustamente penalizado durante o jogo e, que assim também acabou por o ser no jogo que se seguiu, onde ficou fora do onze inicial. 

Esta foi uma decisão reveladora de um desprezo total pela verdade desportiva que deveria ser defendida, principalmente por quem administra a disciplina numa competição altamente profissional que todos deveriam querer que fosse mais limpa e transparente. Estamos pois perante gente completamente inapta e desqualificada, que no fundo são os grandes culpados de todo este imbróglio.

Diga-se também que o Sporting ao recorrer da decisão do CD para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), alegando em primeiro lugar uma inconstitucionalidade no processo que levou ao castigo de Palhinha, usou um subterfúgio para poder utilizar o jogador num encontro de grande importância para o desfecho deste Campeonato, mas ao fazê-lo meteu-se num caminho apertado correndo riscos que me pareceram desnecessários, mesmo que moralmente possa ter toda a razão e que esta decisão tenha pelo menos servido para mostrar a falta de competência desta gente, para não dizer outra coisa pior.

A verdade é que o CD reagiu corrigindo à pressa a referida inconstitucionalidade, reconhecendo assim o erro, mas por muito estranho que pareça o TAD acabou por não dar razão ao Sporting nessa alegação, considerando que o jogador tinha sido ouvido em sede de recurso, mas em contrapartida teve em conta o facto do árbitro ter reconhecido o seu erro, decidindo assim que o cartão exibido não podia ter efeitos sancionatórios, numa aparente ingerência naquilo que é matéria desportiva e, que foi simultaneamente uma reprimenda ao procedimento deste CD, que obviamente não tem sentido nem se adequa àquilo que deve ser a missão de um órgão responsável pelas questões disciplinares.

Esta decisão do TAD gerou imediatamente alguma controvérsia, obrigando a Federação (FPF) a pedir um esclarecimento que no entanto não foi suficiente para aclarar a situação. O TAD informou que não anulara o cartão mostrado a Palhinha, porque não o podia fazer, tendo apenas anulado o castigo aplicado, pelo que logo apareceu quem defendesse que o próximo amarelo mostrado ao jogador não seria o quinto, mas sim o primeiro de uma nova serie, que só dará origem a uma sanção ao quarto cartão mostrado (nono no total), o que obviamente à luz do bom senso faz pouco sentido, não respeitando a equidade no tratamento disciplinar a todos os jogadores.

No entanto como a FPF não parece disposta a encerrar este caso, preferindo antes criar mais confusão, resolveu recorrer da decisão do TAD e assim se Palhinha cumprir castigo ao sexto cartão e se daqui a não se sabe quanto tempo for dada razão à FPF, teria mais um jogo de castigo para cumprir, o que iria abrir outro imbróglio, pois faz tanto sentido um jogador só levar o primeiro jogo de castigo ao nono amarelo, como apanhar dois jogos quando apenas viu apenas seis cartões.

O bom senso manda que o CD aplique um jogo de castigo a Palhinha quando ele vir o próximo cartão e que a FPF não prolongue este caso na justiça e aproveite a decisão do TAD para acabar com este tipo de disciplina cega e sem sentido de justiça, que só cria problemas, mas duvido que tal venha a acontecer, pois o próprio Presidente da Federação já disse que defende sempre os seus, pelo que tudo indica que vão continuar a defender o indefensável, prolongando assim um caso que é de todo desnecessário para a já depauperada imagem do futebol português.

Diz-se que agora a bola está do lado do CD que terá de decidir o que fazer quando Palhinha for contemplado com um novo cartão amarelo, mas sabendo o que é que a casa gasta, está-se mesmo a ver que que o espirito mesquinho desta gente vai prevalecer e que tudo farão para se vingarem, como de resto já começaram a fazer no caso das habilitações de Rúben Amorim e dos processos resultantes do jogo de Famalicão, mas para se perceber como é que esta gente funciona, basta que nos lembremos do que aconteceu quando o árbitro Jorge Sousa foi castigado depois de uma queixa do Sporting, principalmente naquele jogo com o Boavista em que ele expulsou Bruno Fernandes numa clara retaliação de quem usa os poderes que tem para se vingar daqueles que ousam enfrentá-los.

A guerra está instalada e de certa forma foi o Sporting que a comprou, pelo que agora fico à espera do pior, quando tudo isto seria muito fácil de resolver desde que houvesse um pouco de bom senso, coisa que obviamente falta a esta gente que não consegue perceber o mal que estão a fazer um futebol tão necessitado de paz e verdade desportiva.

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