Tiro ao VAR


No final do jogo com a Juventus, Sérgio Conceição em vez de exaltar a boa exibição da sua equipa, tratou logo de apontar as baterias para o Campeonato, afirmando que uma vitória na Madeira seria fundamental para relançar a luta pelo título, pois logo a seguir o FC Porto irá receber o Sporting. 

As contas do treinador portista são claras, na pior das hipóteses a sua equipa tem de ficar a 7 pontos da liderança do campeonato depois do clássico da 21ª jornada e aí com 13 jogos para disputar tudo é possível, até porque continuam a haver algumas reservas em relação às capacidades e solidez deste surpreendente Sporting, enquanto o FC Porto é uma equipa realmente muito forte, sustentada num trabalho de vários anos, podendo aplicar-se o que eu escrevi aqui sobre o Benfica em relação ao seu favoritismo para a conquista de mais um título.  

É preciso também não esquecer que o FC Porto nos últimos dias pôs a sua máquina de comunicação toda a funcionar visando especialmente a arbitragem e o VAR em particular, enquanto deixou para o Benfica o triste papel de sujar as mãos no "caso Palhinha".

Quem ouvir todo este ruído ficará a pensar que os portistas tem sido gravemente prejudicados, quando na realidade tudo espremido não passou de uma expulsão errada a poucos minutos do fim de um jogo que estavam a ganhar e que empataram e um canto ao contrário que por acaso deu golo. Imaginem o que eles fariam se lhes acontecesse o mesmo que ao Sporting em Famalicão.

O tiro ao VAR dos últimos dias tem sido algo nunca visto e totalmente despropositado, o que não quer dizer que tudo esteja a funcionar bem no reino da arbitragem, o que essencialmente resulta da falta de qualidade de alguns árbitros e de critérios mal definidos, de tal forma que no início da temporada o VAR atuou em lances duvidosos como o penalti assinalado sobre Pote no Sporting-FC Porto, até que principalmente depois da anulação de um golo a Coates no último instante do Famalicão-Sporting, também ela resultante de uma intervenção precipitada da Cidade do Futebol, a vídeo arbitragem como que desapareceu, pelo que se diz devido à influência do seu conselheiro inglês que de acordo com o que agora se sabe, defende praticamente tudo o que é decidido no campo pelos árbitros, o que também não credibiliza o VAR.

O problema está em estabelecer a fronteira entre o que é realmente claro o indiscutível, e logo passível de intervenção do VAR e o que são casos duvidosos e questões de interpretação, nas quais a video arbitragem não deve interferir.

A confusão aumenta à medida que os ditos especialistas de arbitragem que ocupam espaços mediáticos na comunicação social vão emitindo opiniões que variam entre as conotados com as cores dos clubes do costume e as condicionados pelas amizades deixadas no sector, passando por aqueles que parecem viver numa realidade virtual, tudo isto misturado com muita incoerência.

Assim é fácil perceber porque é que alguns destes artistas que agora brotam opiniões, nunca passaram de árbitros de segunda categoria, enquanto outros tendo chegado mais longe, agora apenas confirmam as porcarias que fizeram no campo. Duarte Gomes e Pedro Henriques são sem dúvida os mais credíveis, mas até já tentaram arrumar com o segundo, simplesmente porque ele tinha prestado alguns serviços ao Sporting. 

No meio de tudo isto escapa a ideia do Record de convidar o espanhol Iturralde González que foi uma lufada de ar fresco na especialidade, pois pelo menos daquele lado não há condicionalismos clubísticos, nem de amizades e outros relacionamentos próximos, mas em matéria de arbitragem não há donos da verdade e nunca vamos conseguir eliminar todos os erros e muito menos ter opiniões consensuais sobre todos os lances.

O que se pede é que o Conselho de Arbitragem defina claramente os critérios e os explique para que todos os possamos entender e que não haja medo de assumir erros em vez enterrar a cabeça na areia e arranjar justificações para o injustificável.

O objetivo do VAR é acabar com os erros grosseiros, mas mesmo assim continuam a acontecer alguns, infelizmente há quem não perceba isto e aqueles que estavam habituados a ganhar com a ajuda de campos inclinados já se gabam de ter avisado que o VAR não era a sétima maravilha da arbitragem, mas para esses a verdade desportiva é irrelevante pelo que não percebem que tudo o que contribua para melhorar o futebol nesse aspeto, já é positivo.

Entretanto amanhã em Alvalade teremos Rui Costa o tal o penalti no Jamor, um artista que sabe-a toda e Rui Oliveira no VAR. Pior era impossível.

 




Comentários