De candidatos a favoritos


A mesma comunicação social que no início da temporada condenava o Sporting ao 4º lugar, e que já anda há meses a exigir que Rúben Amorim assuma a candidatura ao título, agora deu um passo em frente e determinou que o Sporting não só é candidato, como subiu à condição de favorito à vitória deste campeonato, de tal forma que ontem houve mesmo um artista que descobriu que o Sporting já é pré-campeão, só não explicou quando vai ser a entrega desse troféu.

Entre os Sportinguistas também já há quem diga que chegados a este ponto se o Sporting não for Campeão será uma grande desilusão, havendo também aqueles que exigem o título, e que são precisamente os mesmos que no início da época perspetivavam o regresso a 2012/13, e que lá no fundo estão à espera de um espalhanço ao cumprido que abra mais uma via para o desporto favorito de "claqueiros", "brunecos" e companhia: o tiro ao Varandas. 

Para todos esses e para os mais distraídos, eu queria simplesmente chamar a atenção para alguns pormenores: Como todos sabemos o Benfica investiu esta temporada mais 100 milhões de Euros para construir um super plantel e contratou um treinador, que pelo menos segundo o próprio, é um dos melhores do mundo e arredores, e que quer queiramos quer não, tinha acabado de ganhar tudo e mais alguma coisa no Brasil, para além de uma Taça dos Libertadores da América, a juntar a um invejável palmarés construído no nosso país, onde se podem contabilizar três Campeonatos, uma Taça de Portugal e mais não sei quantas taças da carica.

Para além disso conforme o próprio Jorge Jesus recentemente perspetivou, o covid acabou-se no Benfica pois já quase todo o grupo de trabalho esteve infetado e se pensarmos que o mais provável até é que a Liga Europa também acabe já este mês, o treinador do Benfica passará a ter as tais semanas em que ele diz que "não passa nada" e que tanto tem favorecido o Sporting, que curiosamente cavou o fosso para os seu rivais precisamente quando teve mais jogos.

Sendo assim não é difícil imaginarmos que sem covid, com mais tempo para treinar e com o seu treinador finalmente de regresso ao seu esplendor máximo, possamos ter então o tal Benfica a jogar o triplo e a arrasar, pelo que 16 vitórias nos 16 jogos que faltam para terminar este campeonato não são propriamente uma missão impossível.

Dir-me-ão alguns de vocês que mesmo assim 11 pontos são muitos pontos, mas se pensarmos bem só os jogos em que o Sporting terá de jogar na Pedreira e no Dragão valem 6 pontos, que somados aos 3 da Luz que dentro das contas feitas anteriormente também já arderam, estaremos a apenas um empate de ceder a liderança àqueles que são os verdadeiros favoritos deste campeonato e os únicos a quem se pode exigir o título.

Se acrescentarmos a tudo isto aquele alerta que o Presidente do Sporting fez no final do jogo de Barcelos em relação à força dos nossos rivais dentro e fora do campo, que de resto já se viu ontem no Dragão, então convém mesmo ter os pezinhos bem assentes no chão. O "caso Palhinha" e a campanha "vamos marcar penaltis a favor do Benfica" já estão aí e a força daquela máquina trituradora de tudo e mais alguma coisa já se começou a sentir na nossa comunicação social, pelo que não contem com facilidades daquele lado e acima de tudo que ninguém adormeça.

Eu reconheço o gigantesco trabalho que Rúben Amorim está fazer no Sporting, mas também sei que este plantel não deixou de ter algumas limitações de um dia para o outro, por muito que os resultados ajudem a ganhar confiança, e muito menos acredito que este 2021 perfeito vá durar mais três meses, pelo que não deixando de ter uma esperançazinha, sei perfeitamente que isto vai ser tudo menos um caminho fácil. Nisto estou como treinador do Sporting: só a cinco minutos do fim do campeonato é que eu vou mesmo acreditar.  

Podem até acusar-me de estar a ser derrotista, mas isto são muitos anos a sofrer e já vi acontecer tudo e mais alguma coisa ao Sporting, principalmente quando finalmente as coisas parecem bem encaminhadas, desde os anos de Jimmy HaganMarinho PeresCarlos Queirós, ou mais recentemente com o próprio Jorge Jesus, sem esquecer o que se passou a seguir a conquistas de títulos como a estranha saída de Mário Lino em 1974, as bebedeiras de Malcolm Allison em 1982, o caso Jardel em 2002, ou até o crescente descontrolo total do anterior Presidente do Sporting em 2018, que em poucos meses destruiu tudo o que de bom tinha feito até aí, naquela que foi a maior deceção da minha vida de Sportinguista.

É por tudo isto que eu não me admirava nada se de repente se abatesse uma tragédia qualquer sobre este Clube, que parece estar marcado por uma espécie de bruxaria, talvez uma daquelas com que alguns seguramente já sonham, como sejam a descida de divisão à conta do caso Palhinha, o pagamento da clausula de rescisão do nosso treinador por parte de um colosso europeu, a entrada das claques em Alvalade para agredir o treinador e todos os lampiões que possam andar por lá, ou até que ao fim de milhares de providências cautelares um tribunal qualquer determine que Bruno de Carvalho ainda é o Presidente do Sporting.

Pronto, estou a exagerar e no fundo todos dias rezo para que tudo continue a correr bem e que a estrelinha do Rúben Amorim o transforme no "mourinho do Sporting", mas nunca fiando.

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