Jovane Cabral, o verdadeiro positivo

 


A vitória de ontem sobre o FC Porto teve um significado especial em virtude dos lamentáveis episódios que antecederam o jogo, com os portistas a tentarem, e a conseguirem, tirar vantagens desportivas do facto de dois jogadores do Sporting terem tido falsos positivos nos testes covid obrigatoriamente efetuados pela Liga antes dos jogos.

O jogo em si não foi brilhante, nem poderia ter sido, pois ambas as equipas se apresentaram com algumas baixas. No entanto a verdade é que a primeira meia hora do Sporting foi uma miséria, perante um FC Porto que surpreendentemente se apresentou num 3x4x3 que parece ter confundido os Leões. Mas tudo espremido os sustos resumiram-se a dois remates mal medidos de Zaidu e Corona.

Na parte final do 1º tempo o Sporting reentrou no jogo e foi a vez de Pedro Gonçalves e Nuno Santos ameaçarem as balizas portistas. No entanto seria Marega a desperdiçar a grande oportunidade do jogo, atirando ao poste no meio de uma confusão instalada na pequena área do Sporting, que assim se pôde dar por feliz por ter chegado ao intervalo com um empate a zero.

A 2ª parte parecia que iria trazer mais do mesmo, pois logo a abrir Uribe desperdiçou mais uma flagrante oportunidade de golo, num lance que no entanto pareceu ser precedido de fora de jogo, só que daí para a frente imperou o equilíbrio, de tal forma que comecei a pensar que estávamos perante um daqueles jogos em que quem marcasse primeiro, ganhava.

Entre os 72 e os 79 minutos o jogo viveu aquele que parecia ser o seu momento chave, com Nuno Santos a desperdiçar uma incrível oferta da defesa portista, para pouco depois Marega, no meio de seis adversários, conseguir um remate enrolado que apanhou apanhou António Adán num movimento precipitado que o deixou a ver uma bola fácil de defender, a entrar lentamente na sua baliza.

Parecia ser o fim, porque geralmente nestas ocasiões quem não mata, morre, mas esta jovem equipa com todas as suas limitações e defeitos, nunca deixa de acreditar, ao contrário de muitas outras bem melhor apetrechadas que já tivemos, mas que à mínima contrariedade baixavam os braços.

Não é o caso desta que operou uma inesperada e sensacional reviravolta com dois belos golos de Jovane Cabral que Rúben Amorim lançou no tal período em que tudo parecia ter ficado decidido. É caso para dizer que o cabo-verdiano testou positivo no momento do remate, pelo que a culpa deve ser atribuída ao tal laboratório que se esqueceu de reportar o facto. 

No fim ganhou a verdade desportiva e até soube melhor assim, pois a única desculpa que restou ao treinador portista foi um segundo cartão amarelo que realmente poderia ter sido mostrado a João Palhinha, o mesmo se podendo dizer em relação a Grujic aos 63m. Prevaleceu a lei do bom senso, coisa que muito falta às gentes deste FC Porto.

É realmente inacreditável como é que alguém pode imaginar que um Clube se arrisque a pôr em perigo todo o seu plantel, para fazer atuar dois jogadores, se não houver certezas em relação à situação desses atletas, da mesma forma que não se percebe este desespero para se aproveitarem duma situação que um dia também lhes poderá bater à porta. Enfim, é o tradicional vale tudo do futebol português.

No final do jogo o Presidente do Sporting tentou esclarecer o sucedido com as suas habituais dificuldades de expressão, mas deixou no ar pelo menos duas questões que terão de ser respondidas. 

Em primeiro lugar atendendo que já houve pelo menos dois casos idênticos, um com um jogador do Fabril, curiosamente num jogo frente ao mesmo FC Porto que nessa altura nada fez, e o outro com André André do Guimarães, em que ambos os atletas puderam retomar a atividade logo que declarados como falsos positivos, porque é que agora a DGS depois das muitas pressões exercidas, veio pedir que em vez da simples confirmação dos casos como falsos positivos, o Unilabs reconhecesse um erro laboratorial, o que obviamente não é a mesma coisa.

Depois porque é que o laboratório ainda não respondeu à DGS, que hoje em comunicado informou ter solicitado ao laboratório informação por escrito sobre se os resultados analíticos eram falsos positivos, o que não é a mesma coisa do que pedir o reconhecimento de um erro laboratorial. Sendo aqui também importante perceber o que terá originado estes falsos positivos, pois como se sabe a margem de erro destes testes é inferior a 1%, pelo que dois falsos positivos no mesmo dia é quase como acertar no totobola duas vezes seguidas, como de resto o Dr. Varandas explicou quando afirmou que desde Agosto que o Sporting faz todos dias testes ao seu plantel e esta foi a primeira vez em milhares de testes efetuados, que os resultados não bateram certo com os testes realizados pela Liga. Será que foi mesmo só muito azar, ou será que este Unilabs tem alguma camisola vestida?

Sem falsos positivos, mas com um verdadeiro positivo como foi Jovane Cabral, o Sporting está na Final que espero seja frente ao Benfica, que honra lhe seja feita não se manifestou sobre este assunto, ao contrário do Sp. Braga, que também se revelou muito preocupado em aproveitar o facto do Sporting poder vir a ser prejudicado, o que também não é caso para ninguém se admirar, atendendo ao carácter do Presidente daquele clube. Mas seja com uns, ou com os outros, a vitória de ontem de pouco valerá se o Sporting não ganhar sábado, o que não vai ser nada fácil.


Comentários