De branco mas com raça


Já acompanho o Sporting há muitos anos e poucas foram as equipas que eu vi que se possam comparar à atual em termos de raça leonina, mas talvez as de 1979/80 e 1999/00 tenham sido aquelas de que eu me lembro que tiveram sucesso na base do esforço da dedicação e da devoção que as levaram à glória.

Não sei se o Sporting de Rúben Amorim vai ser Campeão e sinceramente continuo sem muita fé nisso, por razões que não vou agora dissecar aqui, mas se tal não acontecer, seguramente não será por falta de entrega destes rapazes de quem o treinador e todos nós Sportinguistas devemos estar orgulhosos.

Sexta-feira na Choupana o Sporting não ganhou com nota artística, mas ganhou na raça naquela que pode não ter sido a mais brilhante exibição da época, mas que na minha opinião foi o melhor jogo que esta equipa fez e um dos melhores que eu já vi, eu diria mesmo que foi quase perfeita.

O treinador já tinha avisado que a equipa estava preparada para jogar em poças, piscinas, ou fosse lá onde fosse e até explicou que seria necessário adotar um futebol mais direto, mas do que eu não estava à espera é que a exibição roçasse a perfeição.

Para além do tal jogo direto, todos os jogadores deram o que tinham em termos de raça, empurrando o jogo para o meio campo contrário de forma a não permitir lances fortuitos na sua área e salvo uma ou outra rara exceção, ninguém inventou em zonas perigosas pelo que o Nacional só fez um remate à baliza do Sporting e foi de fora da área sem dificuldades para António Adán, conquistou apenas um canto e só por duas vezes a bola chegou com perigo à área leonina, numa o avançado nacionalista estava em fora de jogo e a outra acabou por ser resolvida pela defesa sem grandes dificuldades.

No ataque não se podiam fazer brilharetes, mas mesmo assim só faltou alguma eficácia a Pedro Gonçalves para que tudo ficasse resolvido mais cedo. No entanto todos correram e lutaram até ao fim como verdadeiros Leões, nunca dando hipóteses ao Nacional de respirar.

A supremacia do Sporting foi tal que nem houve espaço para discussões sobre a arbitragem, que até se safou bem num terreno sempre propicio para choques e bolas divididas, mas não é que no fim alguns especialistas daqueles que defenderam que o facto do guarda redes do Farense ter tocado de raspão na bola o autorizava a dar um soco na cabeça do Zouhair Feddal, agora acham que um corte do marroquino em cheio na bola deslizando depois perigosamente para a perna de um jogador dos madeirenses, foi uma falta clara com direito a um cartão alaranjado. Já não há paciência.

No pós jogo Rúben Amorim para não variar voltou a estar muito bem, vincando as pressões que foram feitas para que este jogo se realizasse a todo o custo, ao ponto de pouco interessar se haviam ou não condições para se aterrar na Madeira, isto sem esquecer que na quinta-feira o presidente e um outro dirigente ou membro da estrutura do Nacional, estavam visivelmente desagradados com a decisão óbvia do árbitro quando este resolveu que não havia condições para se jogar, situação que de resto se manteve no dia seguinte, embora com algumas melhorias que acabaram por levar à realização deste jogo num verdadeiro lamaçal. 

De nada lhes serviu. A equipa do Sporting entrou em campo com um angélico equipamento branco, mas com ordens e vontade de o sujar por dentro e por fora, numa demonstração de garra e união verdadeiramente leoninas e assim pelo menos a primeira semana do decisivo Janeiro já passou e com distinção. 

Vamos à Taça, se possível num relvado. 

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