Um jogo sem futebol


Sábado em Alvalade não foram precisos muitos minutos de jogo para se perceber que não era dia de futebol, pois o Farense entrou em campo com uma linha de quatro defesas metidos na sua área, mais cinco jogadores sempre muito próximos, formando uma primeira barreira, de tal forma que quando os algarvios atacavam nunca o faziam com mais de três, ou quatro jogadores, à exceção dos lances de bola parada, mas mesmo assim Ryan Gauld conseguiu rematar duas vezes à baliza, o que já foi muito para a estratégia implementada, o que me leva outra vez àquela questão dos zero pontos para os empates sem golos, como sendo a única solução para o anti-futebol que se continua a ver nos relvados portugueses.

Mas não foi só por aí que não tivemos futebol sábado em Alvalade. Ia o jogo com apenas 7m quando os algarvios começaram a queimar tempo, valha-nos que o árbitro mostrou um amarelo ao guarda redes do Farense ainda na 1ª parte, coisa que não é muito habitual, porque caso contrário ainda tinha havido menos futebol.

No entanto o sr. Narciso também contribuiu para a festa, ao adotar aquele critério que ficou conhecido por "concerto de apito", marcando falta ao mínimo contacto, coisa que os algarvios exploraram da maneira que mais lhes convinha, com a agravante de se verificar uma certa dualidade de critérios, que protegeu sempre a equipa que não queria jogar, em vez de pelo menos dar as mesmas oportunidades a quem tentava marcar.

Diga-se também que o Sporting revelou uma preocupante incapacidade de ultrapassar estas dificuldades, notando-se mais uma vez a ausência de um ponta de lança que permita o jogo aéreo, o que em dia de desinspiração dos jogadores mais criativos complica e de qua maneira as coisas, ainda por cima quando os alas também não conseguem entrar pelos flancos.

Rúben Amorim fez aquilo que pôde e mexeu bem na equipa, pois os jogadores que entraram abanaram um pouco com o jogo e Nuno Santos acrescentou profundidade, numa posição onde Nuno Mendes tinha mostrado pouca inspiração, parecendo estar algo limitado, mas na verdade este jogo pode resumir-se a um penálti muito discutido e verdadeiramente caído do céu. O resto, foi pouco, ou nada.

Sobre o referido lance já li e ouvi de tudo um pouco, sendo que a maioria dos ditos especialistas defendem que como o guarda redes tocou na bola não é falta. Sinceramente, por mais que os meus olhos possam ser esverdeados, não me parece que o facto de Defendi ter tocado de raspão na bola, lhe permita dar um soco na cabeça de Zouhair Feddal, deixando-o KO.

Diga-se que muitos dos mesmos especialistas acham que no mesmo lance houve um penálti sobre Sebastián Coates, mas nem vou perder tempo com isso pois acima de tudo parecem-me duas situações que podem ser discutíveis e portanto não seriam passiveis de intervenção do VAR, pelo que o árbitro decidiu e está decidido e na minha opinião bem.

Há no entanto uma situação para a qual quero a alertar e que se refere a Sebastián Coates, que é sistematicamente agarrado sempre que vai à área dos nossos adversários, sem que os árbitros intervenham. Sábado numa dessas situações em que quase despiam a camisola ao uruguaio, ele acabou por acertar com o cotovelo noutro jogador, quando se tentava libertar do que o agarrava, arriscando-se a ver um cartão vermelho e vendo mesmo o amarelo, o que no fundo acabou por beneficiar o infrator, um beneficio que até poderia ter sido maior, pois se o árbitro quisesse ninguém poderia negar que Sebastián Coates acertou em Bura. É verdade que nos cantos há sempre estes agarrões, mas com o nosso Capitão é um exagero e está na altura de alertar para isto, caso contrário um dia vai dar par o torto.

Polémicas à parte, o próximo jogo é para mim fundamental, pois Janeiro será um mês onde esta equipa vai ser verdadeiramente testada, começando pelo jogo com o Braga, passando pela provável deslocação à Madeira para a Taça e pela Taça da Liga, primeiro com o FC Porto e depois esperemos que na Final. acabando com o jogo para o Campeonato com o Benfica, um verdadeiro mês da verdade. Daí para a frente sim, já vai dar para perceber se esta equipa tem capacidade para se aguentar à bronca, ou se tudo não passou de fogo de vista, isto sem esquecer que nos jogos mais difíceis iremos também defrontar árbitros mais requintados, mas para já espero que pelo menos possamos passar bem o ano.


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