Um Sporting estranho

 


O Sporting voltou a ganhar, mas voltou a sofrer e a comunicação social, que tanta força fez para que Rúben Amorim e, aquilo que agora se convencionou chamar "a estrutura", se assumissem como candidatos ao título, já começa a mostrar algum incómodo com tantas vitórias suadas, pelo que as campainhas de alarme já soaram: "vem aí o mês da verdade".

O Sporting passou o Natal e vai chegar à passagem de ano no 1º lugar e, não faço a mínima ideia se esta equipa vai ter estofo para sobreviver a um Janeiro muito exigente, mas quantos mais forem os desafios ultrapassados, maiores serão as dificuldades que vão surgir no caminho destes Leões.

Ontem os astros estavam estranhamente alinhados com o Sporting, que começou por marcar cedo com um golo à ponta de lança de um miúdo que não pára de me surpreender, mas de repente tudo parecia ir por água abaixo quando a B SAD empatou com um "charuto", ao qual se seguiu um penálti que tinha tudo para dar muito que falar. Valeu a defesa de António Adán, que logo foi elevado à categoria de herói do jogo, mas que me pareceu sempre muito inseguro e continua a ser um desastre com os pés.

No entanto a verdade é que foi aí que o jogo virou e quando Tiago Tomás, qual veterano ganhou o penalti que João Mário converteu no 2-1, percebeu-se que esta equipa pode não ter muito talento, pode até ser inexperiente e pouco constante, mas tem uma alma muito grande e que está a inchar com estas vitórias difíceis.

Chegar ao intervalo a ganhar foi fundamental, pois na 1ª parte o jogo esteve demasiado aberto, mas sabia-se que nenhuma equipa consegue manter aqueles níveis de pressão que a B SAD impôs nos primeiros 46 minutos e que o descanso poderia fazer bem ao Sporting.

E fez. Mas Rúben Amorim, que tem sido regra geral muito assertivo nas substituições, desta vez demorou muito a mexer, pois estava-se a ver que Pedro Gonçalves não estava a ajudar um Nuno Mendes em dificuldades, o que ia abrindo brechas precisamente pelo lado onde estava o inexperiente Gonçalo Inácio.

As substituições, mesmo que tardias, mataram a B SAD, que na 2ª parte ainda teve um pequeno período de ascendente, mas que morreu com uma expulsão caída do céu, porque realmente era dia de Sporting. Só faltou dar mais alguma irreverência ao ataque, o que poderia ter acontecido nos últimos minutos com Gonzalo Plata em vez de Bruno Tabata, mas Rúben Amorim preferiu segurar o 2-1 e o que conta são os 3 pontos no bornal, pelo que o treinador não pode ser criticado por isso.

Para finalizar três notas: uma muito alta para a gestão dos amarelos que deixou toda agente disponível para o Braga, outra muito baixa para o relvado que pôs várias vezes os jogadores a patinar, como foi o caso de Luís Neto no lance do golo, e finalmente uma surpreendentemente razoável para um dos árbitros mais habilidosos que eu conheço, mas que estranhamente não inclinou o campo, embora tenha falhado no lance do penálti assinalado a António Adán. Foi uma bola dividida, mas o guardião espanhol chegou primeiro e a seguir foi abalroado pelo avançado da B SAD, pelo que a ser falta, era a favor do Sporting.

Compreendo que fosse um lance difícil de avaliar no campo e até percebo que o Narciso do VAR não tenha intervindo, principalmente depois da campanha de que foi alvo na semana passada, o grande erro foi de quem o nomeou para esta jogo e quem lhes valeu foi António Adán. No entanto estou expectante em relação ao que vão dizer os especialistas, pois desta vez o guarda redes não deu um soco na cabeça a ninguém e tal como no lance da semana passada, tocou primeiro na bola. Não era penálti e podia ter mudado o resultado deste jogo.


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