Um cheirinho a Bruno Fernandes

 

Confesso que a contratação de Pedro Gonçalves não foi propriamente uma daquelas que me entusiasmou. Para dizer a verdade nunca tinha reparado nele e ao ver o seu percurso também não fiquei particularmente impressionado, pelo que 6,5 milhões de Euros, com 50% de uma hipotética futura venda a reverter para o Famalicão, me pareceram números muito inflacionados.

A verdade no entanto é que tenho de tirar o chapéu a quem o detetou e apostou nele, mesmo que esteja convicto que até esse(s) visionário(s) deve(m) estar surpreendido(s) com o alto rendimento do rapaz, que realmente está a jogar muito e farta-se de trabalhar e de marcar golos.

Não sei se ele vai conseguir manter este alto rendimento, mas em algumas coisas até faz lembrar Bruno Fernandes pela forma desinibida e natural que se assume como o homem que leva a equipa ás costas, não só com golos, mas também com suor e é ele que tem resolvido. Resta saber se vai conseguir manter este nível, principalmente agora que já todos perceberam do que ele é capaz.

Sábado voltou a ser Pedro Gonçalves a fazer a diferença, num jogo onde o Moreirense nem parecia uma equipa que tinha acabado de mudar de treinador. César Peixoto mostrou conhecer bem este Sporting e entrou com um 5x2x3 desenhado para tapar as alas ao ataque leonino e com dois extremos rápidos e bem abertos para desposicionar o trio defensivo do Sporting e aproveitar a falta de velocidade dos seus três elementos.

E o jogo não poderia ter começado melhor para o Moreirense que logo aos 3 minutos aproveitou uma falha no alinhamento da defesa leonina para fazer o 1-0. O empate chegou depressa, mas mais uma vez foram visíveis as dificuldades de Andraz Sporar em ser o ponta de lança que falta a esta equipa. Não percebo se o homem tem mesmo instruções para jogar quase sempre de costas para a baliza, ou se simplesmente não é daqueles que cheira o golo.

Também não gostei de João Mário que me pareceu muito complicativo, num jogo onde era preciso alguém que tirasse um coelho da cartola para desequilibrar uma defesa muito fechada, coisa que só Pedro Gonçalves foi capaz de fazer, mas pede-se mais a um jogador com a craveira de João Mário, principalmente nestes jogos.

Nota altíssima também para João Palhinha, uma autêntica muralha naquele meio campo e para a leitura de jogo de Rúben Amorim muito bem nas substituições, antes e depois do 2-1, que mostraram uma equipa que não perde a paciência, nem fora, nem dentro do campo, e que já é capaz de controlar o jogo, de tal forma que eu nem me lembro de um remate à baliza, ou até de um canto a favor deste Moreirense, que se apanhou a ganhar com um autogolo onde eu até compreendo as dificuldades de Luís Neto, mas que depois só só foi ameaçador enquanto os extremos tiveram pernas para correr.  Enfim, não foi fácil mas foi justo, sem nota artística, mas com segurança.

Ainda não vi nenhuma imagem que mostre o toque da bola no braço de Pedro Gonçalves no lance do golo do empate, e a verdade é que ninguém protestou, ou viu à primeira essa irregularidade, mas a lei é clara e o VAR está lá é para ver tudo com atenção máxima. Até compreendo que não seja fácil de detetar esse toque , mas se quando é com os outros reclamamos, também temos de aceitar que desta vez o erro foi a nosso favor.

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