Contas chumbadas

 

O relatório contas da época passada e o orçamento para a presente temporada, foram chumbados pelos sócios do Sporting Clube de Portugal na Assembleia Geral que se realizou ontem no Estádio José Alvalade, onde marcaram presença 3115 sócios.

Foi um claro cartão amarelo mostrado a Direção presidida por Frederico Varandas, pois foram cerca de 75% dos associados que acorreram à chamada a dizerem não, que correspondem a quase 70% do número de votos apurados contra.

Sabia-se que os sócios afetos às claques e os irredutíveis do anterior Presidente, estavam mobilizados para votarem negativamente, não em relação aos documentos que estavam em análise, mas simplesmente para se manifestarem contra a atual Direção, daí o elevado número de sócios presentes, pois conforme se sabe estas Assembleias regra geral são pouco concorridas, não passando de um pró-forma, a não ser quando se vivem momentos de grande agitação, como é o caso.

De qualquer maneira os números são elucidativos e refletem um claro desagrado, que já não vem só das claques e dos "brunistas", pelo que merecem pelo menos uma profunda reflexão da parte desta Direção.

Não conheço os Estatutos, mas Rogério Alves foi claro quando afirmou que neles não estavam previstas consequências resultantes do chumbo dos documentos escrutinados, referindo tão só que caberia ao Conselho Diretivo analisar os resultados da votação.

Ainda na noite de ontem a Direção emitiu um comunicado onde manifestou a sua vontade de continuar e a intensão de voltar a submeter os documentos à aprovação dos sócios, depois de fazer algumas alterações no orçamento, mas mantendo naturalmente o relatório contas tal como está, pois não se pode mudar aquilo que realmente aconteceu na última época.

Ou seja, não vai haver uma leitura política destes resultados e em princípio esta Direção não abdica daa sua posição, mesmo que se perceba que a sua margem de manobra é cada vez mais reduzida e sendo assim tudo indica que brevemente teremos mais uma Assembleia Geral, onde será testada a resistência dos sócios leoninos, cada vez mais fartos destas guerras.

Na minha opinião esta Direção tem cada vez menos condições para continuar, não só pelo clima que se criou à volta dela, mas principalmente pela incapacidade que tem revelado para resolver os problemas financeiros do Clube/SAD e também por uma politica desportiva implementada no futebol, nada consentânea com as exigências de um Clube com as tradições do Sporting, na qual acima de tudo tem faltado competência. 

No entanto também acho que não pudemos ficar nas mãos de grupos que defendem interesses próprios, ou até de um simples individuo, que sabe-se lá porquê conseguiu como que hipnotizar umas quantas centenas de sportinguistas, que chegam ao ponto de desejar o pior para o Sporting, em nome do seu grande líder, e que não hesitam em usar a violência e os insultos para impor as suas ideias e atemorizar aqueles que discordam deles.

Sendo assim não se esperam grandes alterações nos próximos tempos, com a Direção à espera que os resultados da equipa de futebol possam acalmar as hostes, o que sinceramente não me parece que vá acontecer, enquanto a rapaziada do costume vai continuar a fazer barulho, ainda mais agora animados por esta vitória, que pelo menos provou que afinal os resultados das Assembleias Gerais não são assim tão facilmente manipuláveis, embora haja sempre uns patetas que acham o contrário, mas só quando o desfecho não é aquele que eles desejariam que fosse.

De uma forma, ou de outra, a não ser que aconteça um improvável milagre, duvido que esta Direção consiga levar o seu mandato até ao fim e, se não fosse o facto de não se perfilharem alternativas credíveis, eu até diria que quanto mais depressa melhor seria que chegássemos ao fim deste ciclo, até para que os sócios possam voltar a dizer um claro não às tais minorias ruidosas, que continuam a minar o percurso deste Clube que parece estar tristemente destinado a percorrer este caminho tortuoso que a continuar assim não vai acabar bem.

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