Fechados para intervalo.

Com o Futebol parado, tal como grande parte das nossas vidas, não me restam muitos assuntos para animar este espaço numa altura em que a grande questão passa por se tentar adivinhar quando e como a bola vai voltar a rolar.

O problema é que nem todos os países estão a ser a abalados ao mesmo ritmo. Entre os cinco maiores da Europa só a Alemanha parece ter as coisas controladas, enquanto Itália e Espanha foram os primeiros a disparar, com a França a caminhar para lá e a Inglaterra condenada ao mesmo destino. Sendo assim duvido que nestes quatro últimos se consiga acabar a época nas datas propostas pela UEFA.

Entre os países mais pequenos Portugal parece estar no bom caminho, mas vamos ter pelo menos mais um mês de engorda, até que se possa pensar em recomeçar os treinos, isto numa perspectiva optimista.

Assim se tudo correr bem os campeonatos até podem acabar, provavelmente em pleno Verão e com jogos à porta fechada, caso contrário não vejo outra solução que não seja a de não haver campeões, nem descidas ou subidas de divisão, ficando a questão dos apuramentos para as competições europeias resolvida de acordo com a classificação actual, o que face ao vigente regime do nacional-lampionismo, não será muito bem aceite.

Nesta altura para não variar ninguém quer pagar a sua parte da factura e todos choram os seus prejuízos, porque quem não chora, não mama. Ao que parece NOS, Altice e Oliverdesportos, que ganham milhões à custa do Futebol, querem fechar as torneiras e asfixiar os Clubes que de si já estão quase todos falidos, de tal forma que já ponderam aderir ao lay-off, o que de acordo com o Record de hoje, poderá custar ao Estado 1,3M € por mês.

Perante isto Joaquim Envagelista diz que os jogadores não estão disponíveis para serem carne para canhão, coisa que segundo este senhor deve estar reservada para aqueles que ganham 600 € por mês e que provavelmente vão acabar desempregados.

É imoral que as grandes empresas se recusem a pagar os meses que estivermos sem futebol, numa situação como esta, tal como é imoral que haja muita gente a ganhar dinheiro com tudo isto, mas os jogadores, mesmo que muitos deles não ganhem fortunas, também tem de estar disponíveis para darem a sua parte, como todos nós vamos ter de dar, nem que seja na altura em que os impostos vão voltar a sofrer um aumento brutal.

Esta é também uma oportunidade para se acabar com a pouca vergonha das comissões nas transferências dos jogadores. Há muita gente a enriquecer à custa do Futebol e depois na altura do aperto poucos são os clubes com capacidade para aguentar o balanço. Mas por incrível que pareça também já li as declarações de um representante dos empresários a queixar-se dos milhões de prejuízos que os comissionistas vão ter. É preciso ter muita lata.

Para alguma coisa esta pandemia há-de servir, mas já sei que eles não vão largar o osso. Aguardemos mais umas semanas em casa.


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