Não deu para ver grande coisa

No dia da sua apresentação Rúben Amorim foi muito claro quando afirmou que tinha uma ideia de jogo e que ia directamente a ela sem períodos de adaptação e, de facto assim foi, pois ontem frente ao Aves a equipa já se apresentou no 3x4x3 de predilecção do novo técnico do Sporting, que depois do jogo reforçou a sua opção, ao ponto de afirmar que mesmo jogando contra 9 achava que não fazia sentido mudar aquilo que tinha sido trabalhado durante a semana.

Ou seja, vamos ter um Sporting a jogar num sistema que Silas também experimentou várias vezes e no qual a equipa nunca se sentiu confortável, um pouco à semelhança do que aconteceu ontem, embora neste caso não se possa concluir grande coisa, dadas as circunstâncias resultantes das duas expulsões que deixaram o Aves com 9 jogadores aos 20 minutos de jogo.

A partir daí praticamente só se jogou num meio campo, com os avenses plantados à frente da sua baliza num 5x3 que ocupava apenas 30 metros do terreno. Mesmo assim resistiram uma hora e pior do que isso, só nos últimos 5 minutos da 1ª parte é que o Sporting conseguiu por duas vezes criar verdadeiro perigo junto à baliza adversária, daí que não me pareça fazer sentido continuar a jogar com 3 defesas.

Depois vieram dois golos de rajada, um deles a mostrar que afinal Andraz Sporar também sabe marcar de cabeça, e o jogo praticamente acabou aí, de tal forma que o árbitro resolveu nem dar tempo de compensação, numa decisão que não se percebe bem, pois não faz parte das atribuições do juiz de campo poupar adeptos, ou jogadores, ao suplício que qualquer jogo possa estar a ser.

Voltando ao 3x4x3, do que foi possível perceber deixa de haver aquela obrigação de sair a jogar desde a pequena área, mas lá na frente jogadores como Gonzalo Plata e Luciano Vietto ficam um bocado perdidos. O equatoriano porque é um extremo e não se dá muito bem a jogar por dentro, o argentino porque ficando preso à meia esquerda perde a liberdade para se movimentar nos espaços onde se sente mais à vontade, ou seja nas costas do ponta de lança. Nas alas Marcos Acuña está como peixe na água, mas não estou a ver mais ninguém com características para tão exigente missão, embora Stefan Ristovski possa vir a fazer-se. No meio Rodrigo Battaglia e Wendel são os que menos vão estranhar a mudança. Lá atrás é que vai ser mais complicado.

No entanto este jogo não deu para ver grande coisa, pelo que nos resta esperar pelos próximos capítulos desta aventura de Rúben Amorim no Sporting, a começar já no próximo fim de semana em Guimarães, num teste bastante exigente que eu aguardo com muita expectativa e alguma apreensão.

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