O problema é que essa volta que quase chegou aos 180º, de repente teve uma aceleração tal que caminha a passos largos para os 360º, pois o Presidente que acordou o Clube, fez os Sportinguistas acreditarem, encheu os estádios e os pavilhões, ressuscitou o ecletismo no seu esplendor e pintou as contas a verde, de repente desorientou-se e quando perdeu o pé, resolveu destruir tudo naquela base do quanto pior melhor, porque quem viesse atrás não podia ficar a viver à custa de uma obra que ele achava ser só sua.
Alcochete foi apenas o epicentro de um terramoto que abalou o Sporting com réplicas que se prolongaram durante meses e danos colaterais que vão perdurar durante muitos anos, pelo que a empreitada de reconstrução era uma obra gigantesca, à qual mesmo assim não foram poucos aqueles que se candidataram.
Nesta altura da conversa tenho de dizer que votei em Varandas, essencialmente por saber que ele estava há 7 anos naquilo a que chamou de "a casa das máquinas do clube", ou seja o Futebol, que como todos sabemos é o motor que faz rodar tudo o resto.
Portanto à partida ele tinha obrigação de conhecer muito bem o buraco onde se ia meter, mas infelizmente foi aí que Varandas falhou de uma forma rotunda e isso não oferece discussão. De resto a sua governação tem sido norteada pela cegueira do "aperta o cinto" reveladora da falta das soluções prometidas para os problemas financeiros do Clube, com Zenha a ser uma espécie de Vítor Gaspar de um governo medíocre e miserabilista como o que tivemos no tempo da troika.
Assim a recessão era inevitável e hoje o Sporting no Futebol está outra vez a quilómetros de distância dos seus rivais históricos e corre novamente o risco de acabar fora dos lugares da Europa, as bancadas esvaziaram-se, o desânimo e o conformismo voltaram a apoderar-se dos Sportinguistas, a venda da maioria do Capital da SAD está outra vez no horizonte e a pujança do ecletismo não vai resistir muito mais tempo às poupanças que se exigem e anunciam.
De 2013 para hoje sobraram um pavilhão e alguns títulos europeus, mas também uma pesada herança que resultou na "balcanização" do Clube que esta Direcção não conseguiu estancar e até agravou ao entrar em confronto com as claques numa guerra inglória, mesmo que reveladora de grande coragem e cheia de razões.
Esta é pois uma Direcção fragilizada pela herança que não foi capaz de suportar, pela incompetência e incapacidade revelada para resolver os problemas do Clube, pela falta de carisma e empatia com a massa adepta de um Presidente que tem muitas dificuldades em comunicar e que por isso tem à perna os fiéis ao caríssimo, os que ainda sonham com o lugar por ele ocupado e aqueles a quem retirou privilégios e ainda tem de contar com o desagrado e a desilusão da generalidade dos Sportinguistas, mesmo aqueles que votaram nele.
É neste cenário que se multiplicam os movimentos de contestação e que pela terceira vez na história do Sporting Clube de Portugal se fala de uma Assembleia Geral de destituição. Na primeira Godinho Lopes demitiu-se evitando a humilhação de ser destituído pelos sócios, algo que Bruno de Carvalho não foi capaz de evitar seis anos depois agarrando-se ao poder até à ultima num autismo desmedido, ao ponto de cometer inúmeras violações aos estatutos, que lhe valeram a expulsão de sócio.
Agora é o movimento "Dar Futuro ao Sporting", numa imitação descarada da ideia de André Patrão e Miguel Paim quando em 2013 desencadearam o movimento "Dar rumo ao Sporting", que vem solicitar uma Assembleia Geral de destituição que me deixa de pé atrás pois esta Direcção pese embora tudo o que atrás referi não cometeu nenhum despautério como os que se viviam em 2013 que punham em risco a sobrevivência do Clube e muito menos infringiu os Estatutos como se viu em 2018. Simplesmente tem revelado incompetência, incapacidade e falta de meios para governar bem o Sporting.
O pior é o que está, ou poderá estar, por de trás de tudo isto, pois já se sabe que nestas alturas aparecem sempre os abutres do costume, pelo que eu preferia que esta Direcção simplesmente tivesse a coragem de assumir os seus erros e desse sinais de ter vontade para inverter a situação, em vez de se fechar em copas no seu miserabilismo misturado com uma visão do paraíso que não existe.
Por outro lado perante tanta contestação dificilmente esta Direcção terá condições para fazer um bom trabalho, pelo que esta talvez seja a altura certa para clarificar a situação de forma a que possamos de uma vez por todas seguir em frente, com ou sem Varandas, mesmo que isso implique mais um penoso e arriscado acto eleitoral, ou pelo contrário a legitimação desta Direcção, o que neste caso de pouco serviria em termos de pacificação do Clube, atendendo ao perfil das oposições em causa.
Resumindo e concluindo, direi que destituir esta Direcção é fazer a vontade aos "bunistas" e aos "claqueiros" que são os grandes culpados do estado em que o Clube chegou e abrir a porta para o regresso dos "croquetes" numa altura em que já se volta a falar na venda da maioria do capital da SAD, mas por outro lado se nada for feito o Clube poderá continuar a afundar-se na mediocridade e incompetência de quem o dirige.
Assim o que o Sporting precisa neste momento é de um verdadeiro milagre, pois só com bons resultados no Futebol é que poderá haver alguma paz, só que para conseguir esses resultados vai ter de acontecer uma verdadeira metamorfose em Varandas, ou talvez seja preciso encontrar outro Bruno de Carvalho, mas que não seja estúpido, nem autocrático.
É pois neste cenário que Rogério Alves terá de tomar uma decisão, ou dá a voz aos sócios, ou apoia Frederico Varandas, que por sua vez também terá de reflectir se vale a pena seguir em frente, ou se é preferível submeter-se a uma legitimação que que tanto o pode fortalecer, como derrubá-lo.
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