O milagre dos golos

Julgo que praticamente todos os sportinguistas estavam algo apreensivos em relação o jogo com o Guimarães e, eu confesso que também tinha algum receio deste Vitória que dera um banho de bola ao Arsenal em Londres, principalmente tendo em conta aquilo que o Sporting (não) está a jogar nesta altura.

No final foi o próprio Jorge Silas que também reconheceu que este era um jogo em que esperava muitas dificuldades, pois do outro lado estava uma equipa muito boa, pelo que até se poderia pensar que o domínio imposto pelo Vitória nos primeiros 20/30 minutos, fora de certa forma consentido.

Parece-me no entanto que a estratégia de Jorge Silas para este jogo falhou na fase inicial, pois o Sporting foi completamente sufocado por um Vitória que recuperava facilmente todas as bolas e entrava como queria pelos flancos, valendo então a grande exibição da dupla de centrais leoninos, que esteve imbatível a sacudir uma sucessão impensável de cruzamentos.

Assim o Sporting acabou por ser obrigado a jogar no contra-ataque e foi dessa maneira que Jesé Rodriguez inaugurou o marcador, ao que se seguiu uma serie de brindes, que deixaram o resultado num confortável 2-0.

Os golos mudam tudo e o Vitória sentiu o peso dessa ditadura que deu ao Sporting aquela tranquilidade que tanta falta tem feito a esta equipa, que assim acabou por realizar uma exibição aceitável, mesmo depois do 2-1 que resultou de uma inadmissível passividade de Valentin Rosier e Idrissa Doumbia.

Aparentemente Jorge Silas quer pôr a equipa a jogar numa espécie de 3x3x3x1 quando em posse de bola, que se transforma num 4x2x3x1 na altura de defender. Acontece que não há um ponta de lança de jeito neste plantel, o trio mais próximo do avançado tem pouca ou nenhuma vocação para tarefas defensivas, no lado direito ninguém sabe fazer um cruzamento e o médio que recua para o meio dos centrais não sabe sair com a bola, o que juntando à falta de agressividade do segundo médio, dá naquilo que deram os tais minutos iniciais. Valeram os golos salvadores, para que depois então sim, alguns jogadores mostrassem a sua qualidade.

Os pontos negros da noite vão para um árbitro que mesmo com várias repetições à sua disposição, não conseguiu ver a cotovelada de Miguel Silva, o que nem é de estranhar, pois ia lá um "FIFA referee" ser corrigido por um aprendiz qualquer que estava sentado a não sei quantos quilómetros. E depois para os anormais do costume que atiraram tochas para o relvado e voltaram a tentar mostrar força, só que desta vez o resultado não ajudou e acabaram por ser abafados pelas bancadas já fartas destas brincadeiras.

Amanhã há mais, espero que do mesmo em termos de resultado final, porque só as vitórias nos poderão salvar deste caminho sem rumo nem esperança.

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